Bible in 90 Days
20 No mesmo instante Saul caiu no chão, de comprido, apavorado com o que Samuel tinha dito. Ele estava fraco porque não tinha comido nada todo aquele dia e toda aquela noite. 21 A mulher chegou perto dele e, vendo que ele estava apavorado, disse:
— Eu arrisquei a minha vida fazendo o que o senhor me pediu. 22 Agora, por favor, faça o que estou pedindo: deixe que eu lhe traga um pouco de comida. Coma alguma coisa para ficar forte e poder viajar.
23 Saul recusou e disse que não ia comer nada. Mas os seus oficiais também insistiram para que comesse. Finalmente ele concordou. Levantou-se do chão e sentou-se na cama. 24 Então a mulher matou depressa um bezerro que estava sendo engordado. Pegou também um pouco de farinha de trigo, amassou e assou alguns pães sem fermento. 25 Aí colocou a comida diante de Saul e dos seus oficiais, e eles comeram. E naquela mesma noite foram embora.
Os filisteus desconfiam de Davi
29 Os filisteus reuniram todas as suas tropas em Afeca. Enquanto isso, os israelitas acamparam perto da fonte que fica no vale de Jezreel. 2 Os cinco governadores filisteus marcharam para lá com as suas tropas divididas em grupos de cem e de mil soldados. Davi e os seus homens marchavam atrás com Aquis. 3 Então os comandantes filisteus perguntaram:
— O que é que estes hebreus estão fazendo aqui?
Aquis respondeu:
— Este é Davi, um oficial de Saul, o rei de Israel. Ele está comigo já faz algum tempo, desde que se revoltou contra Saul. E, desde o dia em que chegou, não o vi fazer nada de errado.
4 Mas os comandantes filisteus ficaram muito zangados com Aquis e disseram:
— Mande esse homem de volta para a cidade que você lhe deu. Não deixe que ele entre na batalha conosco; ele é capaz de virar contra nós durante a luta. Pois a melhor maneira de ele conseguir a boa vontade do seu patrão seria matar os nossos homens. 5 Além disso, este é Davi, a respeito de quem as mulheres cantavam enquanto dançavam: “Saul matou mil; Davi matou dez mil!”
6 Então Aquis chamou Davi e disse:
— Juro pelo Senhor, o Deus vivo, que você tem sido fiel a mim e eu ficaria muito contente se você lutasse ao meu lado nesta batalha. Não encontrei nada de errado em você, desde o dia em que chegou até hoje. Mas os outros governadores não gostam de você. 7 Portanto, volte para casa em paz e não faça nada que possa desagradar a esses governadores.
8 Davi respondeu:
— O que foi que eu fiz de errado? Você não encontrou em mim nenhuma falta desde o dia em que comecei a trabalhar para você. Então por que não posso ir com você, que é o meu patrão e o meu rei, para lutar contra os seus inimigos?
9 Aquis respondeu:
— Eu sei disso e o considero tão fiel quanto um anjo de Deus. Mas os comandantes disseram que você não pode ir lutar conosco. 10 Portanto, amanhã de manhã, você e os outros que abandonaram Saul e passaram para o meu lado, levantem-se bem cedo e vão embora logo que amanhecer.
11 Assim, no dia seguinte, Davi e os seus homens se levantaram de madrugada a fim de voltar para a Filisteia. E os filisteus subiram para Jezreel.
Guerra contra os amalequitas
30 Dois dias depois, Davi e os seus homens chegaram a Ziclague, a sua cidade. Enquanto ele havia estado fora, os amalequitas tinham invadido o Sul da terra de Judá e atacado Ziclague. Eles queimaram a cidade 2 e prenderam todas as mulheres. Não mataram ninguém, mas foram embora e levaram todos como prisioneiros. 3 Quando Davi e os seus homens chegaram, viram que a cidade tinha sido queimada e que as suas mulheres, os seus filhos e as suas filhas haviam sido levados embora. 4 Então Davi e os seus homens começaram a chorar e choraram até ficarem sem forças. 5 As duas mulheres de Davi, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, viúva de Nabal, da cidade de Carmelo, também haviam sido levadas.
6 Davi ficou então numa situação muito difícil, pois os seus homens estavam tão amargurados por ficarem sem os seus filhos, que falavam até em matá-lo a pedradas. Mas o Senhor, seu Deus, lhe deu coragem. 7 E ele disse ao sacerdote Abiatar, filho de Aimeleque:
— Traga aqui o manto sacerdotal para que possamos consultar a Deus.
E Abiatar trouxe. 8 Então Davi perguntou a Deus, o Senhor:
— Devo ir atrás desses invasores? Conseguirei pegá-los?
Deus respondeu:
— Vá atrás deles. Você os pegará e libertará os prisioneiros.
9 Então Davi e os seus seiscentos homens saíram, e, quando chegaram ao ribeirão de Besor, alguns deles ficaram ali. 10 Davi continuou o seu caminho com quatrocentos homens. Os outros duzentos estavam cansados demais para atravessar o ribeirão e por isso ficaram para trás.
11 Os homens de Davi acharam no campo um rapaz egípcio e o levaram a Davi. Deram ao rapaz comida, água, 12 figos secos e dois cachos de passas. Ele havia ficado três dias e três noites sem comer, nem beber. Mas, depois de comer, as suas forças voltaram. 13 Então Davi perguntou:
— Quem é o seu dono? De onde você é?
— Eu sou egípcio e sou escravo de um amalequita! — respondeu ele. — O meu dono me deixou aqui há três dias porque fiquei doente. 14 Nós invadimos a terra dos queretitas, a região Sul de Judá e o território do grupo de famílias de Calebe e queimamos a cidade de Ziclague.
15 Então Davi lhe perguntou:
— Você pode me levar até onde os amalequitas estão?
— Sim, — respondeu ele — se o senhor prometer em nome de Deus que não me matará, nem me entregará ao meu dono.
16 Então ele levou Davi. Os amalequitas estavam espalhados por toda a região, comendo, bebendo e festejando por causa da grande quantidade de coisas que haviam tomado na terra dos filisteus e na terra de Judá. 17 No dia seguinte ao amanhecer, Davi os atacou e lutou até o anoitecer. E nenhum deles escapou, a não ser quatrocentos rapazes que montaram camelos e fugiram. 18 Davi salvou todos os que tinham sido levados como prisioneiros, incluindo as suas duas mulheres, e trouxe de volta tudo o que os amalequitas haviam tomado. 19 Não ficou faltando nada: Davi levou de volta todos os filhos e todas as filhas dos seus homens e todas as coisas, grandes e pequenas, que os amalequitas haviam tomado. 20 Levou também todas as ovelhas e todo o gado. Então os homens de Davi levaram a ele os seus animais e disseram:
— Estes animais são seus.
21 Aí Davi voltou para o lugar onde estavam os duzentos homens que não tinham ido com ele e haviam ficado atrás, no ribeirão de Besor, por estarem muito cansados. Eles saíram ao encontro de Davi e dos seus homens. Davi chegou perto deles e os cumprimentou. 22 Mas alguns homens ordinários e de mau caráter que tinham ido com Davi disseram:
— Eles não foram conosco; por isso, não lhes daremos nada do que trouxemos. Eles podem pegar as suas mulheres e os seus filhos e ir embora.
23 Mas Davi respondeu:
— Meus irmãos, vocês não podem fazer isso com o que o Senhor Deus nos deu! Ele nos salvou e nos deu a vitória sobre os inimigos. 24 Ninguém pode concordar com o que vocês estão dizendo! Tudo deve ser repartido em partes iguais: quem ficou atrás com a bagagem deve receber o mesmo que aquele que lutou na batalha.
25 Davi fez desta ordem uma lei. E até hoje ela é seguida em Israel.
26 Quando Davi voltou para Ziclague, pegou parte do que havia tomado dos inimigos e mandou para os seus amigos, os líderes de Judá, com esta mensagem:
— Este é um presente para vocês, tirado das coisas que nós tomamos dos inimigos de Deus, o Senhor.
27 Davi mandou presentes aos líderes das seguintes cidades: Betel, Ramá, que fica ao sul de Judá, Jatir, 28 Aroer, Sifmote, Estemoa, 29-31 Racal, Horma, Borasã, Atace, Hebrom; e também às cidades das tribos dos jerameelitas e dos queneus — todos os lugares onde Davi e os seus homens haviam estado.
A morte de Saul e dos seus filhos(A)
31 Os filisteus lutaram contra os israelitas no monte Gilboa. Muitos israelitas foram mortos ali, e o resto fugiu. 2 Os filisteus cercaram Saul e os seus filhos e mataram Jônatas, Abinadabe e Malquisua, os filhos de Saul. 3 A luta estava feroz em volta de Saul. Ele foi atingido por flechas inimigas e ficou muito ferido. 4 Então disse ao rapaz que carregava as suas armas:
— Tire a sua espada e me mate para que esses filisteus pagãos não caçoem de mim e me matem.
Mas o rapaz estava muito apavorado e não quis fazer isso. Então Saul pegou a sua própria espada e se jogou sobre ela. 5 Quando viu que Saul estava morto, o rapaz também se jogou sobre a sua própria espada e morreu junto com ele. 6 E assim morreram naquele dia Saul, os seus três filhos, o rapaz e todos os soldados de Saul. 7 Quando os israelitas que moravam no outro lado do vale de Jezreel e a leste do rio Jordão viram que o exército israelita havia fugido e que Saul e os seus filhos tinham sido mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram. Então os filisteus foram e ocuparam aquelas cidades.
8 Um dia depois da batalha, quando os filisteus voltaram lá para tirar dos mortos as coisas de valor, acharam os corpos de Saul e dos seus três filhos caídos no monte Gilboa. 9 Então cortaram a cabeça de Saul e tiraram a sua armadura. Depois mandaram mensageiros com elas para a sua terra, para darem as boas notícias aos seus ídolos e ao povo. 10 Eles puseram as armas de Saul no templo da deusa Astarote e pregaram o corpo dele na muralha da cidade de Bete-Sã. 11 Quando o povo de Jabes, na região de Gileade, soube do que os filisteus haviam feito com Saul, 12 os seus moradores mais corajosos saíram e marcharam a noite inteira, até chegarem a Bete-Sã. Tiraram da muralha os corpos de Saul e dos seus três filhos, levaram de volta para Jabes e ali os queimaram. 13 Então pegaram os ossos e sepultaram na cidade, debaixo de uma árvore de tâmaras. E jejuaram sete dias.
Davi recebe a notícia da morte de Saul
1 Depois que Saul morreu, Davi voltou da sua vitória sobre os amalequitas e ficou dois dias na cidade de Ziclague. 2 No dia seguinte chegou um moço que vinha do acampamento de Saul. Para mostrar a sua tristeza, ele havia rasgado as suas roupas e posto terra na cabeça. O moço foi até o lugar onde Davi estava, ajoelhou-se e encostou o rosto no chão em sinal de respeito. 3 Davi lhe perguntou:
— De onde você está vindo?
— Eu fugi do acampamento israelita! — respondeu ele.
4 — Conte o que foi que aconteceu! — disse Davi.
— O nosso exército fugiu da batalha, e muitos dos nossos homens foram mortos! — disse o moço. — Saul e o seu filho Jônatas também morreram.
5 — Como é que você sabe que Saul e Jônatas estão mortos? — perguntou Davi.
6 E o moço respondeu assim:
— Acontece que eu cheguei, por acaso, ao monte Gilboa e vi Saul apoiado na sua lança. Os carros e os cavaleiros inimigos chegavam cada vez mais perto dele. 7 Então ele se virou, me viu e me chamou. E eu respondi: “Aqui estou, senhor!” 8 Saul perguntou quem eu era, e eu respondi que era amalequita. 9 Aí ele disse: “Fui ferido gravemente e estou morrendo. Venha aqui e me mate.” 10 Então eu subi até o lugar onde ele estava e o matei porque eu sabia que, logo que caísse no chão, ele morreria. Aí tirei a coroa da cabeça dele e a pulseira do seu braço e trouxe para o senhor.
11 Então Davi rasgou as suas roupas em sinal de tristeza, e todos os seus soldados fizeram o mesmo. 12 Choraram, se lamentaram e jejuaram até a tarde por Saul, por Jônatas e por Israel, o povo de Deus, o Senhor, pois muitos deles tinham sido mortos na batalha.
13 Aí Davi perguntou ao moço que tinha trazido as notícias:
— De onde você é?
— Eu sou amalequita, mas estou morando aqui na sua terra! — respondeu ele.
14 — Como é que você se atreveu a matar o rei escolhido por Deus, o Senhor? — perguntou Davi.
15 Então chamou um dos seus homens e ordenou:
— Mate-o!
O homem atacou o amalequita e o matou. 16 E Davi disse ao amalequita:
— O culpado disso foi você mesmo. Você se condenou quando confessou que havia matado o rei escolhido pelo Senhor.
Davi chora por Saul e por Jônatas
17 Davi cantou esta lamentação por Saul e por seu filho Jônatas 18 e ordenou que fosse ensinada ao povo de Judá. (Esta lamentação está escrita no Livro do Justo.)
19 Os nossos líderes estão mortos nos montes de Israel!
Caíram os nossos soldados mais valentes!
20 Não contem isso na cidade de Gate
nem nas ruas de Asquelom,
para que as mulheres filisteias não se alegrem,
nem pulem de contentamento as filhas dos pagãos.
21 Não caia chuva nem orvalho nos montes de Gilboa,
e que os seus campos não produzam mais nada.
Pois ali os escudos dos guerreiros valentes estão cobertos de pó,
e o escudo de Saul perdeu o seu brilho.
22 O arco de Jônatas era mortal,
e a espada de Saul nunca falhava
para derrubar os poderosos e matar os inimigos.
23 Saul e Jônatas, tão queridos e maravilhosos;
juntos na vida, juntos na morte!
Eram mais rápidos do que as águias
e mais fortes do que os leões!
24 Mulheres de Israel, chorem por Saul!
Ele vestia vocês com vestidos de fina lã vermelha
e as enfeitava com joias de ouro.
25 Os soldados mais valentes caíram
e foram mortos na batalha.
Jônatas está morto nas montanhas.
26 Eu choro por você, meu irmão Jônatas;
como eu o estimava!
Como era maravilhoso o seu amor para mim,
melhor ainda do que o amor das mulheres.
27 Os soldados mais valentes caíram,
e as suas armas não têm mais utilidade.
Davi é feito rei de Judá
2 Depois disso Davi perguntou a Deus, o Senhor:
— Devo ir e governar alguma das cidades de Judá?
— Sim! — o Senhor respondeu.
— Qual delas? — perguntou ele.
— Hebrom! — foi a resposta.
2 Então Davi foi para Hebrom, levando consigo as suas duas esposas. Uma era Ainoã, da cidade de Jezreel, e a outra era Abigail, viúva de Nabal, da cidade de Carmelo. 3 Davi também levou os seus soldados com as suas famílias, e eles ficaram morando nas cidades vizinhas de Hebrom. 4 Aí os homens de Judá foram a Hebrom e ungiram Davi como rei de Judá.
Quando Davi soube que os moradores da cidade de Jabes, da região de Gileade, tinham sepultado Saul, 5 mandou que alguns homens fossem lá com a seguinte mensagem:
— Que o Senhor abençoe vocês por terem feito a caridade de sepultar o nosso rei! 6 Que o Senhor seja bom e fiel para vocês! Por causa do que fizeram, eu também os tratarei bem. 7 Sejam fortes e valentes! Saul, o rei de vocês, morreu, e o povo de Judá me ungiu como rei deles.
8 O comandante do exército de Saul, Abner, filho de Ner, havia fugido com Isbosete, filho de Saul, para Maanaim, no outro lado do rio Jordão. 9 Lá, Abner fez Isbosete rei das terras de Gileade, Aser, Jezreel, Efraim e Benjamim; na verdade, ele o fez rei de todo o povo de Israel. 10 Isbosete tinha quarenta anos de idade quando começou a reinar em Israel e reinou dois anos. Mas a tribo de Judá ficou fiel a Davi, 11 e ele a governou em Hebrom sete anos e meio.
Guerra entre o povo de Israel e o de Judá
12 Abner e os oficiais de Isbosete foram de Maanaim para a cidade de Gibeão. 13 Joabe, cuja mãe era Zeruia, e os oficiais de Davi foram encontrá-los perto da represa de Gibeão. Lá todos eles se sentaram, um grupo de um lado da represa e o outro do outro lado. 14 Então Abner disse a Joabe:
— Deixe que alguns dos nossos moços enfrentem alguns dos seus, em uma luta armada.
— Está bem! — respondeu Joabe.
15 Aí doze soldados, representando Isbosete e a tribo de Benjamim, lutaram contra doze soldados de Davi. 16 Cada um pegou o seu adversário pela cabeça e enfiou a espada no lado dele. E assim todos eles caíram mortos juntos. É por isso que aquele lugar perto da cidade de Gibeão é chamado de “Campo das Espadas”.
17 Em seguida houve ali uma violenta batalha, e Abner e os israelitas foram derrotados pelos soldados de Davi. 18 Joabe, Abisai e Asael, os três filhos de Zeruia, estavam lá. Asael, que era tão ligeiro como uma gazela selvagem, 19 começou a perseguir Abner, correndo atrás dele. 20 Abner olhou para trás e perguntou:
— Asael, é você?
— Sim, sou eu! — respondeu ele.
21 — Pare de me perseguir! — disse Abner. — Corra atrás de um dos soldados e pegue para você as coisas dele.
Porém Asael continuou a persegui-lo. 22 Mais uma vez Abner disse:
— Pare de me perseguir! Você está me forçando a matá-lo! Como é que eu poderia, depois, olhar o seu irmão Joabe nos olhos?
23 Porém Asael não parou de persegui-lo. Então Abner deu um golpe para trás com a sua lança. Ela entrou na barriga de Asael e saiu pelas costas. Ele caiu morto no chão, e todos os que chegavam paravam no lugar onde ele estava caído.
24 Mas Joabe e Abisai continuaram a perseguir Abner e, quando o sol estava se pondo, chegaram ao monte de Amá, a leste da cidade de Giá, na estrada que vai para o deserto de Gibeão. 25 Os soldados da tribo de Benjamim se reuniram novamente em volta de Abner e ficaram no alto de um morro. 26 Então Abner gritou para Joabe:
— Será que vamos ter de continuar lutando para sempre? Você não vê que, no fim, não vai sobrar nada, a não ser amargura? Nós somos seus irmãos! Até quando você vai esperar para mandar que os seus soldados parem de nos perseguir?
27 Joabe respondeu:
— Juro pelo Deus vivo que, se você não tivesse falado, os meus soldados continuariam a perseguir vocês até amanhã cedo.
28 Então Joabe tocou a corneta. Todos os seus soldados pararam de perseguir os israelitas, e a luta acabou.
29 Durante toda aquela noite, Abner e os seus soldados marcharam pelo vale do Jordão. Atravessaram o rio Jordão e, depois de marcharem toda a manhã do dia seguinte, chegaram à cidade de Maanaim. 30 Quando Joabe parou a perseguição, reuniu todos os seus soldados e viu que estavam faltando dezenove, além de Asael. 31 Porém os soldados de Davi haviam matado trezentos e sessenta soldados de Abner, todos eles da tribo de Benjamim. 32 Aí Joabe e os seus soldados pegaram o corpo de Asael e o sepultaram no túmulo da sua família, em Belém. Então marcharam durante a noite inteira e, ao amanhecer, chegaram a Hebrom.
3 Durou muito tempo a guerra entre os que apoiavam a família de Saul e os que apoiavam Davi. Davi ia ficando cada vez mais forte, e a gente de Saul, cada vez mais fraca.
Os filhos de Davi
2 Os filhos de Davi que nasceram na cidade de Hebrom são estes: o primeiro foi Amnom, filho de Ainoã, da cidade de Jezreel. 3 O segundo foi Quileabe, filho de Abigail, viúva de Nabal, da cidade de Carmelo. O terceiro foi Absalão, filho de Maacá, que era filha de Talmai, rei de Gesur. 4 O quarto foi Adonias, filho de Hagite. O quinto foi Sefatias, filho de Abital. 5 O sexto foi Itreão, filho de Eglá, esposa de Davi. Todos esses filhos de Davi nasceram em Hebrom.
Abner faz um acordo com Davi
6 Enquanto continuava a luta entre os que apoiavam a família de Saul e os que seguiam Davi, Abner ficava cada vez mais poderoso entre a gente de Saul.
7 Um dia Isbosete, filho de Saul, acusou Abner de ter tido relações com uma concubina de Saul chamada Rispa, filha de Aías. 8 Abner ficou furioso com isso e disse:
— Você pensa que eu sou traidor? Pensa que passei para o lado da tribo de Judá?
E continuou:
— Desde o começo tenho sido fiel à causa de Saul, o seu pai, aos seus irmãos e aos seus amigos e tenho evitado que você seja derrotado por Davi. No entanto, hoje você me acusa de ser culpado no caso dessa mulher! 9-10 O Senhor Deus prometeu a Davi que tiraria o reino de Saul e dos seus descendentes e que tornaria Davi rei tanto de Israel como de Judá, para governar o país inteiro. Que Deus me mate se eu não fizer que isso aconteça!
11 Isbosete tinha medo de Abner; por isso, não disse nada.
12 Naquela época Davi estava na cidade de Hebrom, e Abner lhe mandou mensageiros com o seguinte recado:
— Quem vai governar esta terra? Faça um acordo comigo, e eu o ajudarei a levar todo o povo de Israel para o seu lado.
13 Davi respondeu:
— Muito bem. Eu farei um acordo com você, porém com uma condição: quando vier falar comigo, você vai me trazer Mical, filha de Saul.
14 Então Davi mandou alguns mensageiros dizerem a Isbosete:
— Entregue-me a minha esposa Mical. Eu paguei cem prepúcios de filisteus para ter o direito de casar com ela.
15 Então Isbosete mandou tirá-la do seu marido Paltiel, filho de Laís. 16 Paltiel seguiu-a chorando pelo caminho, até chegarem à cidade de Baurim. Aí Abner lhe ordenou:
— Volte para casa.
E ele voltou.
17 Então Abner foi falar com os líderes de Israel. Ele disse:
— Há muito tempo que vocês queriam que Davi fosse rei de Israel. 18 Esta é a hora de agir. Lembrem que o Senhor disse: “Eu usarei o meu servo Davi para salvar Israel, o meu povo, tanto dos filisteus como de todos os outros inimigos.”
19 Abner falou também com o povo da tribo de Benjamim e depois foi a Hebrom para contar a Davi o que o povo de Benjamim e o povo de Israel tinham resolvido.
20 Abner, com vinte homens, foi a Hebrom para se encontrar com Davi, e este lhe ofereceu uma festa. 21 Abner disse a Davi:
— Eu irei agora e conquistarei todo o povo de Israel para o senhor. E eles o aceitarão como rei. Aí o senhor terá o que desejava e governará o país inteiro.
Então Davi deixou Abner ir embora em paz.
Abner é assassinado
22 Pouco tempo depois, Joabe e os outros oficiais de Davi voltaram de um ataque rápido, trazendo muitas coisas que haviam tomado dos inimigos. Mas Abner não estava mais em Hebrom com Davi porque este já o havia deixado ir embora em paz. 23 Quando Joabe chegou com os seus soldados, contaram-lhe que Abner havia ido falar com o rei Davi e que este o havia deixado ir embora em paz. 24 Então Joabe foi falar com o rei. Ele disse:
— O que foi que o senhor fez? Abner veio aqui, e o senhor deixou que ele fosse embora sem mais nem menos? 25 Ele veio para enganá-lo, para ficar conhecendo todos os lugares aonde o senhor vai e tudo o que faz. E o senhor sabe disso!
26 Logo que saiu de perto de Davi, Joabe mandou mensageiros atrás de Abner. Eles o alcançaram no poço de Sira e o trouxeram de volta. Mas Davi não ficou sabendo disso. 27 Quando Abner chegou a Hebrom, Joabe o levou para o lado do portão, como se quisesse falar com ele em particular, e enfiou um punhal na barriga dele. Assim Abner, filho de Ner, foi assassinado por ter matado Asael, irmão de Joabe. 28 Quando soube disso, Davi disse:
— O Senhor Deus sabe que eu e os meus seguidores não temos nenhuma culpa no assassinato de Abner. 29 Que o castigo por esse crime caia sobre Joabe e toda a sua família! Que nunca faltem na sua família homens que tenham gonorreia ou doença contagiosa de pele, ou que sejam capazes de fazer somente trabalho de mulher, ou que sejam mortos em batalha, ou que não tenham o que comer!
30 Assim Joabe e o seu irmão Abisai assassinaram Abner porque ele havia matado Asael, o irmão deles, na batalha de Gibeão.
31 Então Davi mandou que Joabe e os seus soldados chorassem por Abner e que, em sinal de tristeza, rasgassem as suas roupas e vestissem roupas de luto. E no sepultamento o próprio rei Davi ia caminhando atrás do caixão. 32 Abner foi sepultado em Hebrom, e o rei chorou alto perto do seu túmulo. E todo o povo fez o mesmo.
33 E Davi fez esta lamentação para Abner:
“Por que teria Abner de morrer como se fosse um louco?
34 As suas mãos não estavam amarradas,
nem estavam atados os seus pés;
ele morreu como alguém que é morto por criminosos!”
Então o povo chorou novamente por Abner.
35 O povo tentou convencer Davi a comer alguma coisa antes que o dia terminasse, mas ele fez este juramento:
— Que Deus me mate se eu comer alguma coisa antes que o dia acabe!
36 O povo ouviu isso e gostou. De fato, o povo gostava de tudo o que o rei fazia. 37 Assim todos os seguidores do rei Davi e todo o povo de Israel entenderam que ele não tinha tomado parte no assassinato de Abner. 38 E ele disse aos seus oficiais:
— Fiquem sabendo que hoje morreu um grande líder de Israel. 39 Embora eu seja o rei escolhido por Deus, hoje me sinto fraco. Os filhos de Zeruia são homens violentos demais para mim! Que o Senhor castigue esses criminosos como eles merecem!
Isbosete é assassinado
4 Quando Isbosete, filho de Saul, soube que Abner havia sido assassinado na cidade de Hebrom, perdeu a coragem, e todo o povo de Israel ficou com medo. 2 Havia dois oficiais de Isbosete que comandavam os ataques rápidos ao território inimigo. Eles se chamavam Baaná e Recabe e eram filhos de Rimom, da cidade de Beerote, da tribo de Benjamim. (A cidade de Beerote é considerada como parte do território de Benjamim. 3 Os antigos moradores de Beerote haviam fugido para a cidade de Gitaim e eles vivem ali como estrangeiros até hoje.)
4 Quando Saul e Jônatas foram mortos em Jezreel, Mefibosete, filho de Jônatas, tinha cinco anos de idade. Ao chegar a notícia da morte de Saul e de Jônatas, a mulher que cuidava de Mefibosete o pegou e fugiu. Mas estava com tanta pressa, que o deixou cair, e ele ficou manco.
5 Recabe e Baaná foram para a casa de Isbosete e chegaram lá quando ele estava tirando a sua soneca depois do almoço. 6 A mulher que estava na porta peneirando trigo havia ficado com sono e estava dormindo. Por isso, Baaná e Recabe entraram em silêncio, 7 foram ao quarto onde Isbosete dormia um sono pesado e o mataram. Então cortaram a cabeça dele e a levaram consigo. Eles caminharam a noite toda pelo vale do rio Jordão. 8 Quando chegaram a Hebrom, mostraram a cabeça de Isbosete ao rei Davi e disseram:
— Aqui está a cabeça de Isbosete, filho do seu inimigo Saul, que queria matá-lo. Hoje o Senhor Deus vingou o rei, meu senhor, de Saul e dos seus descendentes.
9-11 Davi respondeu:
— Eu agarrei e mandei matar o mensageiro que foi ao meu encontro na cidade de Ziclague; pois ele, pensando que estava me dando uma boa notícia, me contou a respeito da morte de Saul. Agora, juro pelo Senhor, o Deus vivo, que me salvou de todos os perigos, que eu castigarei muito mais os homens traiçoeiros que mataram um inocente que estava dormindo na sua própria casa! Agora vou me vingar de vocês por terem matado Isbosete e vou varrer vocês da face da terra.
12 Então Davi deu ordem, e os seus soldados mataram Recabe e Baaná. Depois cortaram as mãos e os pés deles e penduraram perto da represa de Hebrom. E pegaram a cabeça de Isbosete e sepultaram no túmulo de Abner, em Hebrom.
Davi é feito rei de Israel e de Judá(B)
5 Então todas as tribos de Israel foram se encontrar com Davi em Hebrom e disseram:
— Nós pertencemos ao mesmo povo que você, ó rei. 2 No passado, quando Saul era o nosso rei, você comandou o povo de Israel na batalha. E o Senhor Deus lhe disse que você seria comandante e governador do povo dele.
3 Assim todos os líderes de Israel foram se encontrar com Davi em Hebrom. Davi fez um acordo sagrado com eles, e eles o ungiram rei de Israel. 4 Ele tinha trinta anos de idade quando se tornou rei e reinou quarenta anos. 5 Governou Judá, em Hebrom, sete anos e meio; e governou Israel e Judá, em Jerusalém, trinta e três anos.
6 O rei Davi e os seus soldados foram atacar Jerusalém. Os jebuseus, que eram os moradores da cidade, pensaram que ele não seria capaz de conquistá-la e por isso disseram:
— Você nunca entrará aqui. Para fazer você ficar do lado de fora, bastam os cegos e os aleijados.
7 Mas Davi tomou a fortaleza de Sião, e ela passou a ser chamada de “Cidade de Davi”. A coisa aconteceu assim.
8 Naquele dia Davi disse aos seus soldados:
— Se alguém quiser matar os jebuseus, aqueles pobres cegos e aleijados, que eu tanto odeio, então que suba pelo túnel da água e os ataque.
É por isso que se diz: “Os cegos e os aleijados não podem entrar na casa de Deus.”
9 Davi ficou morando na fortaleza e a chamou de Cidade de Davi. Em volta ele construiu defesas que iam desde o aterro que ficava no lado leste da cidade até o palácio. 10 E Davi ia ficando cada vez mais forte porque o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, estava com ele.
11 O rei Hirão, da cidade de Tiro, enviou embaixadores a Davi. Ele mandou toras de cedro e também carpinteiros e pedreiros, e eles construíram um palácio para Davi. 12 E assim Davi entendeu que o Senhor o havia confirmado como rei de Israel e que, por amor ao seu povo, estava fazendo o seu reino progredir.
13 Depois que saiu da cidade de Hebrom, Davi arranjou mais concubinas e esposas em Jerusalém e com elas teve mais filhos e filhas. 14 Os filhos de Davi que nasceram em Jerusalém foram: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, 15 Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, 16 Elisama, Eliada e Elifelete.
Davi derrota os filisteus(C)
17 Quando os filisteus souberam que Davi tinha sido ungido como rei de Israel, o seu exército saiu para prendê-lo. Quando soube disso, Davi desceu para a fortaleza. 18 Os filisteus chegaram ao vale dos Gigantes e o ocuparam. 19 Aí Davi perguntou a Deus, o Senhor:
— Devo lutar contra os filisteus? Tu me darás a vitória?
— Vá! — disse o Senhor. — Eu lhe darei a vitória.
20 Então Davi foi até Baal-Perazim e ali venceu os filisteus. Ele disse:
— Como uma enchente que derruba tudo, assim o Senhor abriu uma brecha no meio dos meus inimigos.
Por isso, aquele lugar é chamado de Baal-Perazim. 21 Ali os filisteus abandonaram os seus ídolos, e Davi e os seus soldados os levaram embora. 22 Então os filisteus voltaram para o vale dos Gigantes e o ocuparam.
23 Mais uma vez Davi consultou o Senhor, e ele respondeu:
— Não os ataque daqui. Dê a volta, vá até as amoreiras e ataque por trás. 24 Quando você ouvir o barulho de marcha por cima das amoreiras, fique pronto para atacar porque isso quer dizer que eu estou indo na sua frente para derrotar o exército dos filisteus.
25 Davi fez o que o Senhor havia mandado e obrigou os filisteus a recuarem desde Geba até Gezer.
A arca da aliança é levada para Jerusalém(D)
6 Mais uma vez Davi reuniu os melhores soldados de Israel, num total de trinta mil homens. 2 Levou-os à cidade de Baalá, em Judá, para pegarem a arca da aliança, que tem o nome do Senhor Todo-Poderoso, que se assenta no seu trono, entre os querubins. 3 Colocaram a arca num carro de bois, novo, e a tiraram da casa de Abinadabe, que ficava num monte. Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro 4 que carregava a arca. Aiô caminhava na frente. 5 Davi e todos os israelitas dançavam e cantavam com todas as suas forças em louvor a Deus, o Senhor. Eles tocavam harpas, liras, tambores, castanholas e pratos.
6 Quando chegaram ao campo de descascar cereais que pertencia a Nacom, os bois tropeçaram. Então Uzá estendeu a mão e segurou a arca da aliança. 7 O Senhor Deus ficou irado com Uzá, por sua falta de respeito, e o matou. E Uzá morreu ali, ao lado da arca. 8 Davi ficou furioso porque o Senhor, na sua ira, havia castigado Uzá; assim até hoje aquele lugar é chamado de Peres-Uzá.
9 Então Davi ficou com medo de Deus, o Senhor, e disse:
— E agora como é que poderei levar comigo a arca da aliança?
10 Assim Davi resolveu não levar a arca para a sua cidade de Jerusalém; em vez disso, ele mudou de direção e a levou para a casa de Obede-Edom, que era da cidade de Gate. 11 A arca da aliança ficou ali três meses, e o Senhor abençoou Obede-Edom e a sua família.
12 O rei Davi soube que, por causa da arca, o Senhor havia abençoado a família de Obede-Edom e tudo o que ele tinha. Então tirou a arca da casa de Obede-Edom e, com uma grande festa, a levou para a Cidade de Davi. 13 Depois que os homens que carregavam a arca deram seis passos, Davi ofereceu a Deus em sacrifício um touro e um bezerro gordo. 14 Davi, vestindo um manto sacerdotal de linho, dançou com todo o entusiasmo em louvor a Deus, o Senhor. 15 E assim ele e todos os israelitas levaram a arca da aliança para Jerusalém, com gritos de alegria e sons de trombetas.
16 Quando a arca estava entrando na cidade, Mical, filha de Saul, olhou pela janela, viu o rei Davi pulando e dançando em louvor ao Senhor. Então sentiu por ele um profundo desprezo.
17 Levaram a arca e a colocaram no seu lugar, na barraca que Davi tinha preparado para ela. Então ele ofereceu a Deus, o Senhor, sacrifícios que foram completamente queimados e ofertas de paz. 18 Quando acabou de oferecer os sacrifícios e as ofertas, Davi abençoou o povo em nome do Senhor Todo-Poderoso. 19 Depois deu a cada homem e a cada mulher de Israel um pão, um pedaço de carne assada e passas. Em seguida todos foram para casa.
20 Davi voltou para casa a fim de estar com a sua família, e Mical, filha de Saul, saiu para encontrá-lo. Ela disse:
— Que bela figura fez hoje o rei de Israel! Parecia um sem-vergonha, mostrando o corpo para as empregadas dos seus funcionários!
21 Davi respondeu:
— Eu estava dançando em louvor ao Senhor, que preferiu me escolher em vez de escolher o seu pai e os descendentes dele e me fez o líder de Israel, o seu povo. Pois eu continuarei a dançar em louvor ao Senhor 22 e me humilharei ainda mais diante dele. Você pode pensar que eu não sou nada, mas aquelas moças de quem você falou vão me dar muito valor!
23 E Mical, filha de Saul, nunca teve filhos.
A mensagem de Natã para Davi(E)
7 O rei Davi conseguiu controlar completamente o seu reino, e o Senhor Deus o livrou de todos os seus inimigos. 2 Um dia Davi disse ao profeta Natã:
— Veja só! Aqui estou eu, morando numa casa revestida de madeira de cedro, enquanto a arca da aliança está guardada numa barraca!
3 Natã respondeu:
— Faça tudo o que quiser porque o Senhor Deus está com você.
4 Mas naquela noite o Senhor disse a Natã:
5 — Vá e diga ao meu servo Davi que eu mandei dizer o seguinte: “Não é você a pessoa que deve construir um templo para eu morar nele. 6 Desde que tirei do Egito o povo de Israel e até hoje, eu não tenho morado em nenhum templo. Tenho viajado morando numa barraca. 7 Em todas as minhas viagens com o povo de Israel, nunca perguntei aos líderes que escolhi por que razão eles não construíram para mim um templo revestido de cedro.” 8 Portanto, diga ao meu servo Davi que eu, o Senhor Todo-Poderoso, digo o seguinte: “Eu tirei você do trabalho de cuidar de ovelhas nos campos, para que governasse o meu povo de Israel. 9 Estive com você em todos os lugares por onde tem ido e, conforme você foi avançando, eu o defendi de todos os seus inimigos. Eu farei com que você seja famoso, tão famoso quanto os maiores líderes do mundo. 10-11 Escolhi um lugar para o meu povo de Israel e o fiz morar ali, onde eles viverão em paz. Desde que entraram nesta terra, eles têm sido atacados por povos violentos, mas isso não acontecerá mais. Eu prometo que livrarei você de todos os seus inimigos e que lhe darei descendentes. 12 E, quando você morrer e for sepultado ao lado dos seus antepassados, eu colocarei um dos seus filhos como rei e tornarei forte o reino dele. 13 Será ele quem construirá um templo para mim, e eu farei com que os seus descendentes governem para sempre. 14 Eu serei o pai dele, e ele será meu filho. Quando ele errar, eu o castigarei como um pai castiga seu filho. 15 Porém não retirarei dele o meu amor, como fiz com Saul, para que você pudesse ser rei. 16 Você sempre terá descendentes, e eu farei com que o seu reino dure para sempre. E a sua descendência real nunca terminará.”
17 E Natã contou a Davi tudo o que Deus lhe havia revelado.
A oração de agradecimento de Davi(F)
18 O rei Davi entrou na barraca, sentou-se e orou assim:
— Ó Senhor, meu Deus, eu não mereço tudo o que fizeste por mim no passado, e a minha família também não merece. 19 E, como se as bênçãos do passado ainda fossem poucas, agora estás fazendo promessas a respeito dos meus descendentes no futuro. E deixaste um homem ver isso, ó Senhor, meu Deus! 20 O que mais posso te dizer? Tu me conheces, pois sou teu servo. 21 Era o teu desejo e propósito fazer isso; e tu me deixaste saber de todas essas grandes coisas. 22 Como és grande, ó Senhor, nosso Deus! Não há ninguém igual a ti; como temos ouvido dizer, somente tu és Deus; não existe outro. 23 Não há nenhuma outra nação na terra como o teu povo de Israel, que libertaste para ser o teu próprio povo. Tu te tornaste famoso e fizeste grandes e maravilhosas coisas por eles. Tu libertaste o teu povo do Egito e expulsaste as outras nações e os seus deuses conforme o teu povo ia avançando. 24 Ó Senhor, tu fizeste com que o teu povo de Israel fosse teu para sempre e te tornaste o seu Deus.
25 — E agora, ó Senhor, nosso Deus, confirma a promessa que fizeste a meu respeito e a respeito da minha família e cumpre o que disseste que ia acontecer. 26 A tua fama será grande, e para sempre as pessoas dirão: “O Senhor Todo-Poderoso é o Deus de Israel.” E tu farás com que sempre haja reis entre os meus descendentes. 27 Senhor Todo-Poderoso, Deus de Israel! Eu tenho coragem para te fazer esta oração porque revelaste a mim, teu servo, que farás com que os meus descendentes sejam reis.
28 — E mais. Tu, ó Senhor, me fizeste esta maravilhosa promessa, e as tuas promessas sempre se cumprem porque tu és Deus. 29 Eu te peço agora que abençoes os meus descendentes para que eles continuem a ter sempre a tua proteção. Tu, ó Senhor, meu Deus, prometeste isso. Que a tua bênção esteja com os meus descendentes para sempre!
Diversas vitórias de Davi(G)
8 Algum tempo depois, Davi atacou os filisteus, derrotou-os e acabou com o poder deles naquela região.
2 Ele também derrotou os moabitas. Fez com que se deitassem no chão, mediu-os com uma corda e matou dois terços deles. Assim os moabitas se tornaram escravos de Davi e lhe pagavam impostos.
3 Então Davi atacou o rei de Zoba, Hadadezer, filho de Reobe, quando este foi tomar de novo as terras que ficam perto do rio Eufrates. 4 Davi prendeu mil e setecentos cavaleiros de Hadadezer e vinte mil dos seus soldados da infantaria; também aleijou os cavalos que puxavam os carros, deixando cavalos somente para cem carros. 5 Os sírios de Damasco foram socorrer Hadadezer, e Davi matou vinte e dois mil deles. 6 Em seguida colocou acampamentos militares na terra deles. Davi os dominou, e eles lhe pagavam impostos. O Senhor Deus fez com que Davi fosse vitorioso em todos os lugares aonde ia. 7 Davi tomou dos oficiais de Hadadezer os escudos de ouro que eles usavam e os levou para Jerusalém. 8 Também levou uma grande quantidade de bronze das cidades de Betá e Berotai, que eram governadas por Hadadezer.
9 O rei Toí, da cidade de Hamate, soube que Davi tinha derrotado todo o exército de Hadadezer. 10 Então enviou o seu filho Jorão para cumprimentar Davi e para lhe dar parabéns por ter vencido Hadadezer. Acontece que Toí havia lutado muitas vezes contra Hadadezer. Jorão levou para Davi objetos feitos de prata, de ouro e de bronze. 11 E o rei Davi os separou para serem usados na adoração ao Senhor, juntamente com a prata e o ouro que havia tomado dos povos que havia conquistado, 12 isto é, os edomitas, os moabitas, os amonitas, os filisteus e os amalequitas. E fez a mesma coisa com parte do que havia tirado de Hadadezer.
13 Davi se tornou ainda mais famoso quando voltou depois de ter matado dezoito mil edomitas no vale do Sal. 14 Ele colocou acampamentos militares em todo o país de Edom e dominou o povo dali. O Senhor Deus fez com que Davi fosse vitorioso em todos os lugares aonde ia.
15 Davi governou todo o povo de Israel e fez com que eles fossem sempre tratados com igualdade e justiça. 16 Joabe, cuja mãe era Zeruia, comandava o seu exército. Josafá, filho de Ailude, era o conselheiro do rei. 17 Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes. Seraías era o escrivão. 18 Benaías, filho de Joiada, era o chefe dos queretitas e dos peletitas. E os filhos de Davi eram sacerdotes.
Davi e Mefibosete
9 Certo dia Davi perguntou:
— Será que alguma pessoa da família de Saul ainda está viva? Se está, eu quero fazer alguma coisa boa para essa pessoa, por causa de Jônatas.
2 Havia um empregado chamado Ziba, da família de Saul. Alguém lhe disse que fosse falar com o rei Davi.
— Você é Ziba? — perguntou o rei.
— Sim, sou eu mesmo, às suas ordens! — respondeu ele.
3 E o rei lhe perguntou:
— Ainda existe alguém da família de Saul para quem eu possa fazer alguma coisa boa, como prometi a Deus?
Ziba respondeu:
— Sim. Existe um filho de Jônatas. Ele é aleijado dos dois pés.
4 — Onde está ele? — perguntou o rei.
— Na casa de Maquir, filho de Amiel, na cidade de Lo-Debar! — respondeu Ziba.
5 Então o rei Davi mandou buscá-lo.
6 Quando Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, chegou, ele ajoelhou-se e encostou o rosto no chão diante de Davi em sinal de respeito. Davi disse:
— Mefibosete!
— Às suas ordens, senhor! — respondeu ele.
7 — Não fique com medo! — disse Davi. — Eu serei bondoso com você por causa de Jônatas, o seu pai. Eu lhe darei de volta todas as terras que pertenciam ao seu avô Saul, e você será sempre bem-vindo à minha mesa.
8 Mefibosete se curvou novamente e respondeu:
— Eu não valho mais do que um cachorro morto! Por que o senhor é tão bondoso comigo?
9 Então o rei chamou Ziba, o empregado de Saul, e disse:
— Eu estou devolvendo a Mefibosete, o neto do seu patrão, tudo o que pertencia a Saul e à sua família. 10 Você, os seus filhos e os seus empregados cultivarão a terra para a família do seu patrão Saul e farão a colheita para que eles tenham comida. Mas Mefibosete comerá sempre à minha mesa.
Ziba tinha quinze filhos e vinte empregados.
11 Ele respondeu:
— Farei tudo o que o senhor mandar.
Daí em diante Mefibosete passou a comer junto com o rei, como se fosse filho dele.
12 Mefibosete tinha um filho pequeno chamado Mica. Todos os que eram da família de Ziba se tornaram empregados de Mefibosete. 13 Assim Mefibosete, que era aleijado dos dois pés, ficou morando em Jerusalém e todos os dias comia junto com o rei.
Davi vence os amonitas e os sírios(H)
10 Algum tempo depois morreu o rei Naás, do país de Amom, e o seu filho Hanum se tornou rei. 2 E Davi disse:
— Eu serei bondoso com Hanum, assim como Naás, o seu pai, foi bondoso comigo.
Então enviou mensageiros a Hanum para mostrar a sua amizade. Porém, quando os mensageiros chegaram à cidade de Rabá, 3 as autoridades amonitas disseram ao seu rei:
— O senhor pensa que é em honra do seu pai que Davi enviou estes homens para mostrar amizade? É claro que não! Ele os mandou aqui como espiões a fim de conhecerem a cidade, para poderem destruí-la.
4 Então Hanum pegou os mensageiros de Davi, raspou um lado da barba deles, cortou as suas roupas até a altura das nádegas e os mandou embora. 5 Quando Davi soube disso, enviou outros mensageiros para se encontrarem com eles porque eles estavam muito envergonhados. Davi mandou lhes dizer que ficassem na cidade de Jericó e que só voltassem quando as suas barbas tivessem crescido de novo.
6 Os amonitas compreenderam que tinham feito de Davi um inimigo deles. Por isso, contrataram vinte mil soldados sírios das cidades de Bete-Reobe e Zoba. Também contrataram o rei da cidade de Maacá, com mil homens, e doze mil homens da cidade de Tobe. 7 Davi soube disso e enviou contra eles Joabe com todos os melhores soldados do exército israelita. 8 Os amonitas saíram e tomaram posição na entrada da cidade de Rabá enquanto os outros — os sírios de Zoba e de Reobe e os homens de Tobe e Maacá — tomaram posição em campo aberto.
9 Joabe viu que as tropas inimigas os atacariam pela frente e por trás. Então escolheu os melhores soldados de Israel e os colocou de frente para os sírios. 10 Deixou o resto das suas tropas sob o comando do seu irmão Abisai, que as colocou de frente para os amonitas. 11 E Joabe disse a Abisai:
— Se você perceber que os sírios estão me vencendo, venha me ajudar; e, se os amonitas estiverem vencendo você, eu irei ajudá-lo. 12 Seja corajoso! Vamos lutar com firmeza pelo nosso povo e pelas cidades do nosso Deus. E que seja feita a vontade de Deus, o Senhor!
13 Então Joabe e os seus soldados avançaram para atacar, e os sírios fugiram. 14 Os amonitas viram os sírios fugindo. Então também fugiram de Abisai e voltaram para dentro da cidade. E Joabe parou de lutar contra os amonitas e voltou para Jerusalém.
15 Quando os sírios viram que tinham sido vencidos pelos israelitas, reuniram de novo todas as suas tropas. 16 O rei Hadadezer mandou chamar os sírios que estavam no lado leste do rio Eufrates. Então eles foram até a cidade de Helã. Na frente deles ia Sobaque, o comandante do exército de Hadadezer. 17 Quando Davi soube disso, reuniu as tropas israelitas, atravessou o rio Jordão e marchou para Helã. Lá os sírios tomaram posição de frente para os israelitas. A luta começou, 18 e os israelitas fizeram os sírios fugir. Davi e os seus soldados mataram setecentos soldados que guiavam carros de guerra e quarenta mil cavaleiros sírios. Feriram também Sobaque, o comandante inimigo, que morreu ali no campo de batalha. 19 Quando os reis que eram chefiados por Hadadezer viram que tinham sido vencidos pelos israelitas, fizeram paz com eles, ficando debaixo do seu poder. E os sírios ficaram com medo de ajudar de novo os amonitas.
Davi e Bate-Seba
11 Na primavera seguinte, época do ano em que os reis costumam sair para a guerra, Davi mandou que Joabe, os seus oficiais e o exército israelita fossem atacar os inimigos. Eles venceram os amonitas e cercaram a cidade de Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém.
2 Uma tarde Davi se levantou, depois de ter dormido um pouco, e foi passear no terraço do palácio. Dali viu uma mulher muito bonita tomando banho. 3 Aí ele mandou que descobrissem quem era aquela mulher e soube que era Bate-Seba, filha de Eliã e esposa de Urias, o heteu. 4 Então Davi mandou que alguns mensageiros fossem buscá-la. Eles a trouxeram, e Davi teve relações com ela. Bate-Seba tinha justamente terminado o seu ritual mensal de purificação. Ela voltou para casa 5 e depois descobriu que estava grávida e mandou um recado a Davi contando isso.
6 Davi mandou então esta mensagem a Joabe:
— Mande que Urias, o heteu, venha falar comigo.
E Joabe obedeceu. 7 Quando Urias chegou, Davi perguntou a ele se Joabe e as tropas estavam bem e como estava indo a guerra. 8 Depois disse a Urias:
— Vá para casa e descanse um pouco.
Urias saiu, e Davi mandou levar um presente à casa dele. 9 Mas Urias não foi para casa; em vez disso, dormiu no portão do palácio junto com os guardas do rei. 10 Quando Davi soube que Urias não tinha ido para casa, perguntou-lhe:
— Você acaba de voltar depois de ter ficado fora muito tempo. Por que não foi para casa?
11 Urias respondeu:
— Os homens de Israel e de Judá estão longe, na frente de batalha, e a arca da aliança está com eles. O meu comandante Joabe e os seus oficiais estão acampados ao ar livre. Como poderia eu ir para casa, comer e beber e dormir com a minha mulher? Juro por tudo o que é sagrado, que nunca poderia fazer isso!
12 Então Davi disse:
— Fique aqui o resto do dia. Amanhã eu o mandarei de volta.
E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. 13 Davi convidou-o para jantar e fez com que ele ficasse bêbado. Mesmo assim, Urias não foi para casa naquela noite. Em vez disso, dormiu no seu cobertor, no quarto da guarda do palácio.
14 Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joabe e a mandou por Urias. 15 Davi escreveu o seguinte: “Ponha Urias na linha de frente, onde a luta é mais pesada. Depois se retire e deixe que ele seja morto.”
16 Por isso, enquanto estava cercando a cidade, Joabe mandou Urias para um lugar onde sabia que o inimigo estava mais forte. 17 As tropas inimigas saíram da cidade, lutaram contra as forças de Joabe e mataram alguns oficiais de Davi. E Urias também foi morto.
18 Então Joabe mandou a Davi notícias da batalha. 19 Ele disse ao mensageiro o seguinte:
— Se, depois que você contar ao rei tudo sobre a batalha, 20 ele ficar zangado e perguntar: “Por que vocês chegaram tão perto da cidade para lutar com eles? Não viram que eles poderiam atirar flechas do alto da muralha? 21 Vocês não lembram como Abimeleque, filho de Jerubesete, foi morto? Foi na cidade de Tebes, onde uma mulher atirou de cima da muralha uma pedra de moinho e o matou. Então por que vocês chegaram tão perto da muralha?” Se o rei perguntar isso, responda: “Urias, seu oficial, também foi morto.”
22 Então o mensageiro foi e disse a Davi o que Joabe tinha mandado. 23 O mensageiro disse assim:
— Os inimigos eram mais fortes do que nós e saíram para fora da cidade para lutar em campo aberto. Mas nós os forçamos a voltar para o portão da cidade. 24 Então eles atiraram flechas do alto da muralha contra nós, e alguns dos seus oficiais foram mortos. E o seu oficial Urias também morreu.
25 Davi respondeu ao mensageiro:
— Anime Joabe e diga-lhe que não fique preocupado, pois numa batalha nunca se sabe quem vai morrer. Diga-lhe que ataque com mais força, até conquistar a cidade.
26 Bate-Seba soube que o marido tinha morrido e chorou por ele. 27 Depois que passou o tempo de luto, Davi mandou trazê-la para o palácio. Ela se tornou sua esposa e lhe deu um filho. Mas o Senhor não gostou do que Davi tinha feito.
O profeta Natã repreende Davi
12 O Senhor Deus mandou que o profeta Natã fosse falar com Davi. Natã foi e disse:
— Havia dois homens que viviam na mesma cidade: um era rico, e o outro era pobre. 2 O rico possuía muito gado e ovelhas, 3 enquanto que o pobre tinha somente uma ovelha, que ele havia comprado. Ele cuidou dela, e ela cresceu na sua casa, junto com os filhos dele. Ele a alimentava com a sua própria comida, deixava que ela bebesse no seu próprio copo, e ela dormia no seu colo. A ovelha era como uma filha para ele. 4 Certo dia um visitante chegou à casa do homem rico. Este não quis matar um dos seus próprios animais para preparar uma refeição para o visitante; em vez disso, pegou a ovelha do homem pobre, matou-a e preparou com ela uma refeição para o seu hóspede.
5 Então Davi ficou furioso com aquele homem e disse:
— Eu juro pelo Senhor, o Deus vivo, que o homem que fez isso deve ser morto! 6 Ele deverá pagar quatro vezes o que tirou, por ter feito uma coisa tão cruel!
7 Então Natã disse a Davi:
— Esse homem é você. E é isto o que diz o Senhor, o Deus de Israel: “Eu tornei você rei de Israel e o salvei de Saul. 8 Eu lhe dei o reino e as mulheres dele; tornei você rei de Israel e de Judá. E, se isso não bastasse, eu lhe teria dado duas vezes mais. 9 Por que é que você desobedeceu aos meus mandamentos e fez essa coisa tão horrível? Você fez com que Urias, o heteu, fosse morto na batalha; deixou que os amonitas o matassem e então ficou com a esposa dele! 10 Portanto, porque você me desobedeceu e tomou a mulher de Urias, sempre alguns dos seus descendentes morrerão de morte violenta.
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