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Bible in 90 Days

An intensive Bible reading plan that walks through the entire Bible in 90 days.
Duration: 88 days
Nova Traduҫão na Linguagem de Hoje 2000 (NTLH)
Version
Juízes 15:13 - 1 Samuel 2:29

13 — Prometemos! — disseram eles. — Nós vamos somente amarrar você e entregar aos filisteus. Não vamos matá-lo.

Então o amarraram com duas cordas novas e o fizeram sair da caverna. 14 Quando Sansão chegou a Leí, os filisteus, gritando, vieram encontrá-lo. Mas o Espírito do Senhor fez com que Sansão ficasse forte. E ele arrebentou as cordas que amarravam os seus braços e as suas mãos, como se fossem fios de linha queimados. 15 Encontrou por ali uma queixada de jumento que ainda não estava seca. Pegou a queixada e com ela matou mil homens. 16 Aí começou a cantar assim:

“Com a queixada de um jumento,
matei mil homens.
Com a queixada de um jumento,
fiz montões e montões de corpos.”

17 Depois jogou fora a queixada. E aquele lugar foi chamado de “monte da Queixada”.

18 Sansão ficou com muita sede e fez esta oração a Deus, o Senhor:

— Tu me deste esta grande vitória. Será que agora vais deixar que eu morra de sede e caia nas mãos desta gente que não pratica a circuncisão?

19 Então, na cidade de Leí, Deus abriu um buraco, e dele saiu água. Sansão bebeu daquela água e sentiu-se bem melhor. Aquela fonte foi chamada de En-Hacoré e existe até hoje.

20 Sansão governou o povo de Israel vinte anos, na época em que os filisteus dominavam aquela terra.

Sansão em Gaza

16 Dali Sansão foi até a cidade de Gaza. Lá viu uma prostituta e teve relações com ela. O povo de Gaza soube que Sansão estava lá. Então eles cercaram o lugar e ficaram a noite toda esperando Sansão no portão da cidade. Ficaram em silêncio, pensando:

— Vamos esperar o amanhecer. Então nós o matamos.

Mas Sansão ficou deitado somente até a meia-noite. Depois se levantou e arrancou o portão da cidade, com os batentes e as trancas. Pôs tudo nos ombros e carregou para o alto do monte que está em frente da cidade de Hebrom.

Sansão e Dalila

Depois disso Sansão se apaixonou por uma mulher chamada Dalila, que morava no vale de Soreque. Então os governadores das cinco cidades dos filisteus foram falar com ela. Eles disseram assim:

— Dê um jeito de Sansão contar a você por que ele é tão forte e como é que o poderemos dominar, amarrar e deixar sem defesa. Se você fizer isso, cada um de nós lhe dará mil e cem barras de prata.

Então Dalila pediu a Sansão:

— Por favor, me conte o segredo da sua força. Se alguém quiser amarrar você e deixar sem defesa, o que é que ele deve fazer?

Sansão respondeu:

— Se me amarrarem com sete cordas de arco, novas, que ainda não secaram, eu ficarei fraco e serei como qualquer um.

Aí os governadores dos filisteus trouxeram para Dalila sete cordas de arco, novas, que ainda não estavam secas, e ela amarrou Sansão. Dalila havia deixado alguns homens escondidos, esperando no outro quarto. Então gritou:

— Sansão! Os filisteus estão chegando!

E ele arrebentou as cordas de arco, como se fossem fios de linha queimada. Assim eles continuaram sem saber qual era o segredo da força de Sansão. 10 Então Dalila lhe disse:

— Até agora você mentiu e caçoou de mim. Por favor, me diga como é que alguém pode amarrar você.

11 Sansão respondeu:

— Se me amarrarem com cordas novas, que nunca foram usadas, ficarei fraco e serei como qualquer um.

12 Aí Dalila pegou cordas novas e amarrou os braços dele. Depois gritou:

— Sansão! Os filisteus estão chegando!

Os homens estavam novamente escondidos, esperando no outro quarto. Mas Sansão arrebentou as cordas como se fossem fios de linha.

13 E Dalila disse:

— Você continua mentindo e caçoando de mim. Diga como é que alguém pode amarrar você.

Ele respondeu:

— Se você tecer num tear as sete tranças do meu cabelo e prendê-las com um prego grande de madeira, eu ficarei fraco e serei como qualquer um.

14 Então Dalila fez com que Sansão dormisse. Quando ele adormeceu, ela pegou e teceu as sete tranças dele num tear e prendeu-as com um prego grande de madeira. Depois gritou:

— Sansão! Os filisteus estão chegando!

Mas ele se levantou, arrancou o prego e tirou o cabelo do tear. 15 Então ela disse:

— Por que você diz que me ama se isso não é verdade? Você me fez de boba três vezes e até agora não me contou por que é tão forte.

16 E ela continuou a perguntar isso todos os dias. Sansão ficou tão cansado com a insistência dela, que já não aguentava mais. 17 E acabou lhe contando a verdade:

— O meu cabelo nunca foi cortado! — disse ele. — Eu fui dedicado a Deus como nazireu desde que nasci. Se o meu cabelo for cortado, perderei a minha força, ficarei fraco e serei como qualquer um.

18 Quando Dalila percebeu que ele tinha dito a verdade, mandou o seguinte recado aos governadores filisteus:

— Voltem de novo. Agora ele me disse a verdade.

Então eles vieram e trouxeram o dinheiro. 19 Ela fez com que Sansão dormisse no seu colo. Em seguida chamou um homem, e ele cortou as sete tranças de Sansão. Aí Dalila começou a provocá-lo, mas ele havia perdido a sua força. 20 Ela gritou:

— Sansão! Os filisteus estão chegando!

Ele se levantou e pensou: “Eu me livrarei como sempre.” Sansão não sabia que o Senhor o havia abandonado. 21 Os filisteus o pegaram e furaram os seus olhos. Então o levaram para Gaza e o prenderam com correntes de bronze. E o puseram para trabalhar na prisão, virando um moinho. 22 Mas o seu cabelo começou a crescer de novo.

A morte de Sansão

23 Os governadores filisteus se reuniram para fazer uma festa e oferecer um grande sacrifício ao seu deus Dagom. Eles cantavam: “O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão nas nossas mãos!”

24 E o povo, quando viu Sansão, cantou louvores ao deus Dagom, assim: “O nosso deus entregou nas nossas mãos o inimigo que destruía a nossa terra e matava muitos dos nossos.”

25 E, no meio daquela alegria, disseram:

— Chamem Sansão, para ele nos divertir.

Trouxeram Sansão para fora da cadeia e se divertiram à custa dele. Depois o colocaram entre as colunas do templo. 26 Então Sansão pediu ao rapaz que o guiava pela mão:

— Deixe-me tocar nas colunas que sustentam o templo para que eu possa me encostar nelas.

27 O templo estava cheio de homens e mulheres. Os cinco governadores filisteus estavam lá. Havia no terraço mais ou menos três mil homens e mulheres olhando para Sansão e se divertindo à custa dele.

28 E Sansão orou ao Senhor, dizendo:

— Ó Senhor, meu Deus, peço que lembres de mim. Por favor, dá-me força só mais esta vez. Deixa que eu, de uma só vez, me vingue dos filisteus, por terem furado os meus olhos.

29 Então agarrou as duas colunas do meio, que sustentavam o templo. Com a mão direita numa coluna e a esquerda na outra, jogou todo o seu peso contra elas 30 e gritou:

— Que eu morra com os filisteus!

Em seguida deu um empurrão com toda a força, e o templo caiu sobre os governadores e todas as outras pessoas. E assim Sansão matou mais gente na sua morte do que durante a sua vida.

31 Os irmãos de Sansão e toda a sua família foram buscar o seu corpo. Eles o levaram e sepultaram entre Zora e Estaol, no túmulo de Manoá, o seu pai.

Sansão havia governado o povo de Israel durante vinte anos.

Mica e os seus ídolos

17 Havia um homem chamado Mica, que morava na região montanhosa de Efraim. Ele disse à sua mãe:

— Quando roubaram aquelas suas mil e cem barras de prata, a senhora amaldiçoou o ladrão. Eu ouvi a senhora fazer isso. Sabe de uma coisa? A prata está comigo. Fui eu que roubei.

A sua mãe disse:

— Que o Senhor abençoe você, meu filho!

Então ele devolveu à sua mãe as mil e cem barras de prata. E ela disse:

— Meu filho, para tirar a maldição de cima de você, vou dar esta prata como oferta ao Senhor. Ela será usada para fazer um ídolo de madeira, folheado a prata. Por isso eu devolvo agora esta prata a você.

Mas o filho tornou a devolver a prata à sua mãe. Então ela pegou duzentas barras de prata e entregou a um ourives. Ele fez um ídolo de madeira e o folheou com a prata. E o ídolo foi colocado na casa de Mica.

Mica fez uma capela. Ele fez outros ídolos e também uma roupa de sacerdote. Separou um dos seus filhos para ser o seu sacerdote. Naquele tempo não havia rei em Israel, e cada um fazia o que bem queria.

Um rapaz estava passando uns tempos na cidade de Belém de Judá. Ele era levita. Esse moço saiu de Belém, procurando um lugar para morar. E, viajando pela região montanhosa de Efraim, chegou à casa de Mica. E Mica lhe perguntou:

— De onde você vem?

E o moço respondeu:

— Eu sou levita, de Belém, da região de Judá, e estou procurando um lugar para morar.

10 — Fique comigo — disse Mica — e seja o meu conselheiro e sacerdote. Eu lhe darei dez barras de prata por ano, roupa e comida.

11 Então o jovem levita concordou em ficar com Mica e ficou sendo como um filho para ele. 12 Assim Mica o escolheu para ser o seu sacerdote, e o rapaz ficou morando na sua casa. 13 E Mica disse:

— Eu sei que agora o Senhor Deus fará com que tudo corra bem para mim, pois tenho um levita como sacerdote.

Mica e a tribo de Dã

18 Naquele tempo não havia rei em Israel. E a tribo de Dã estava procurando uma terra para morar, terra que fosse só deles. Isso porque até aquela ocasião eles não tinham recebido a parte da terra que devia ser deles, embora as outras tribos de Israel já tivessem recebido a sua parte. Então o povo de Dã escolheu cinco homens de valor entre todas as famílias da tribo. Eles foram mandados das cidades de Zora e Estaol para espiar e conhecer a terra. Foram para a região montanhosa de Efraim e ficaram na casa de Mica. Enquanto estavam lá, perceberam, pelo jeito de o jovem levita falar, que ele não era dali. Então chegaram perto dele e perguntaram:

— O que é que você está fazendo aqui? Quem trouxe você para cá?

Ele respondeu:

— Eu fiz um trato com Mica. Ele me paga para ser sacerdote dele.

Aí disseram ao moço:

— Então pergunte a Deus se nós seremos bem-sucedidos na nossa viagem.

O sacerdote respondeu:

— Não se preocupem. O Senhor Deus estará com vocês nesta viagem.

Então os cinco homens saíram dali e foram para a cidade de Laís. Chegando lá, viram que o povo daquele lugar vivia em segurança, como os sidônios. Eram pacíficos e calmos e não tinham brigas com ninguém. Eles tinham tudo o que precisavam. Moravam longe dos sidônios e viviam afastados dos outros povos. Quando os cinco homens voltaram para Zora e Estaol, a sua gente perguntou o que eles haviam descoberto. E eles responderam:

— Vamos atacar! Nós vimos a terra, e ela é muito boa! Não fiquem aí parados! Vão depressa e tomem a terra! 10 Lá vocês vão ver que o povo não desconfia de nada. A terra deles é grande e tem tudo o que é preciso. E Deus a está dando a vocês.

11 Então seiscentos homens da tribo de Dã saíram de Zora e Estaol, prontos para a luta. 12 Subiram e acamparam a oeste da cidade de Quiriate-Jearim, na região de Judá. É por isso que aquele lugar é chamado até hoje de “Campo de Dã”. 13 Dali foram para a região montanhosa de Efraim e chegaram à casa de Mica.

14 Aqueles cinco homens que haviam ido espiar a terra ao redor de Laís disseram aos seus companheiros:

— Vocês sabiam que numa dessas casas há um ídolo de madeira folheado a prata? Há também outros ídolos e uma roupa de sacerdote. O que vocês acham que devemos fazer?

15 Então eles entraram na casa de Mica, onde morava o jovem levita, e o cumprimentaram. 16 Enquanto isso, os seiscentos soldados da tribo de Dã estavam esperando no portão, prontos para combater. 17 Os cinco espiões entraram na casa, pegaram o ídolo de madeira folheado a prata, os outros ídolos e a roupa de sacerdote. O sacerdote tinha ficado no portão com os seiscentos soldados armados. 18 Quando os homens entraram na casa de Mica e pegaram os objetos sagrados, o sacerdote perguntou:

— O que vocês estão fazendo?

19 Eles responderam:

— Fique quieto. Não diga nada. Venha com a gente e seja o nosso sacerdote e conselheiro. Você não gostaria de ser o sacerdote de uma tribo inteira, em vez de ser sacerdote de apenas uma família?

20 O sacerdote ficou muito contente, pegou os objetos sagrados e foi com os espiões e os soldados. 21 Eles deram meia-volta, puseram na frente as crianças, o gado e os seus bens e partiram. 22 Já estavam longe quando os vizinhos de Mica, que haviam sido chamados para lutar, alcançaram os homens da tribo de Dã. 23 Estes, ao ouvirem os gritos dos que vinham atrás deles, deram meia-volta e perguntaram a Mica:

— O que é que há? Para que toda essa gente?

24 Ele respondeu:

— Vocês ainda me perguntam o que é que há? Vocês me tomaram os deuses que eu fiz e o meu sacerdote e foram embora! O que foi que sobrou para mim?

25 Os homens de Dã disseram:

— É melhor você não falar mais nada porque estes homens podem ficar zangados e acabar atacando vocês. Nesse caso você e toda a sua família morreriam.

26 Depois de dizerem isso, os homens de Dã partiram. Mica viu que eles eram mais fortes; então voltou para casa.

27 Os homens da tribo de Dã levaram as coisas que Mica havia feito e também o sacerdote dele. Aí foram e atacaram Laís, aquela cidade de povo pacífico e calmo. Mataram os seus moradores e queimaram a cidade. 28 Não havia ninguém para salvar aquela gente, pois Laís ficava longe de Sidom, e eles não tinham contato com outros povos. A cidade ficava no vale, perto de Bete-Reobe. A tribo de Dã construiu de novo Laís e ficou morando ali. 29 Deram à cidade o nome de Dã porque assim se chamava o fundador da tribo, que era filho de Jacó. 30 E os homens de Dã levantaram o ídolo para adorá-lo. Jônatas, filho de Gérson e neto de Moisés, foi sacerdote da tribo de Dã. Ele e os seus descendentes foram sacerdotes da tribo de Dã até que o povo foi levado como prisioneiro para fora da sua terra. 31 E o ídolo feito por Mica ficou com eles durante todo o tempo em que a casa de Deus esteve em Siló.

O levita e a sua concubina

19 Naqueles dias em que Israel não tinha rei, um levita foi morar bem longe, na região montanhosa de Efraim. Ele arranjou uma jovem de Belém de Judá para ser a sua concubina. Porém ela brigou com ele e voltou para a casa do seu pai, em Belém. E ficou lá durante quatro meses. Então o homem resolveu ir a Belém atrás dela, para tentar convencê-la a voltar. Ele foi com o seu empregado e levou dois jumentos. E a moça o recebeu na casa do seu pai. Quando o pai da moça viu o levita, recebeu-o com alegria e insistiu para que ficasse na sua casa. E ele ficou ali três dias. Assim o casal tomou as suas refeições e passou as noites ali. No quarto dia eles se levantaram cedo e se aprontaram para ir embora. Mas o pai da moça disse ao levita:

— Coma alguma coisa antes de ir e assim você se sentirá melhor. Você pode ir mais tarde.

Então os dois homens se sentaram, e comeram, e beberam juntos. Aí o pai da moça disse:

— Por favor, fique mais uma noite e divirta-se.

O homem se levantou para sair, mas o pai da moça insistiu muito que ele ficasse. E assim o levita passou outra noite ali. No quinto dia, bem cedo, ele se levantou para ir, mas o pai da moça pediu:

— Por favor, coma alguma coisa. Espere até mais tarde.

E os dois homens comeram juntos.

Quando o homem, a moça e o empregado iam saindo, o pai disse:

— Olhe! Agora já é quase noite. É melhor você ficar para passar a noite aqui. Logo vai ficar escuro. Fique aqui e divirta-se. Amanhã você poderá se levantar cedo e viajar de volta para casa.

10-11 Mas o levita não quis passar lá mais outra noite e partiu de viagem com a sua concubina, levando dois jumentos arreados. Já era quase noite quando chegaram perto da cidade de Jebus, isto é, Jerusalém. Então o empregado disse ao patrão:

— Por que não paramos e passamos a noite nesta cidade dos jebuseus?

12 Mas o patrão respondeu:

— Não vamos parar numa cidade onde o povo não é israelita. Vamos continuar até Gibeá. 13 É melhor a gente andar mais um pouco e passar a noite em Gibeá ou Ramá.

14 Então passaram pela cidade de Jebus e continuaram a viagem. O sol já se havia escondido quando eles chegaram a Gibeá, cidade da tribo de Benjamim. 15 Aí saíram da estrada para passar a noite na cidade. O levita chegou e se sentou na praça. Mas ninguém o convidou para dormir na sua casa.

16 E aconteceu que passou por ali um velho que estava voltando do seu trabalho na roça. Ele era da região montanhosa de Efraim, mas estava morando em Gibeá. O povo dali era da tribo de Benjamim. 17 O velho viu o viajante na praça e perguntou:

— De onde você é? Para onde vai?

18 O levita respondeu:

— Eu estou viajando de Belém de Judá para bem longe, para a região montanhosa de Efraim, onde moro. Fui a Belém e agora estou voltando para casa, mas ninguém me ofereceu hospedagem para esta noite. 19 Nós temos alimento e palha para os jumentos, e pão e vinho para mim, para a minha concubina e para o meu empregado. Temos tudo o que precisamos.

20 O velho disse:

— Venham comigo; vocês serão bem-recebidos na minha casa. Eu cuidarei de vocês. Por favor, não passem a noite na praça.

21 Então ele os levou para a sua casa e deu de comer aos jumentos. Os seus hóspedes lavaram os pés, comeram e beberam.

22 Enquanto eles conversavam alegremente, alguns homens imorais daquela cidade cercaram a casa e começaram a bater na porta. E disseram ao velho:

— Traga para fora o homem que está na sua casa! Nós queremos ter relações com ele.

23 Aí o velho saiu e disse:

— Não, meus amigos! Por favor, não façam essa coisa tão má e tão imoral! Este homem é meu hóspede. 24 Olhem! Estão aqui a minha filha virgem e a concubina dele. Eu vou pôr as duas para fora, e vocês poderão fazer com elas o que quiserem. Mas não façam essa coisa horrível com este homem!

25 Mas eles não quiseram ouvi-lo. Então o levita pegou a sua concubina, a pôs para fora e a entregou a eles. E eles a forçaram, e abusaram dela a noite toda, e só a deixaram de manhã.

26 Ao amanhecer a mulher veio e caiu na frente da casa onde o seu marido estava. E ficou ali até clarear o dia. 27 De manhã o marido se levantou para continuar a viagem. Quando abriu a porta, achou a sua concubina caída em frente da casa, com as mãos na soleira da porta. 28 Aí lhe disse:

— Levante-se! Vamos embora!

Porém não teve resposta. Então pôs o corpo dela atravessado sobre o jumento e seguiu viagem para casa. 29 Quando chegou lá, entrou, pegou uma faca e cortou o corpo da concubina em doze pedaços. Depois mandou um pedaço para cada uma das doze tribos de Israel. 30 E todos os que viam isso diziam:

— Nunca vimos uma coisa assim! Nunca houve uma coisa igual a essa, desde o tempo em que os israelitas saíram do Egito! Pensem! O que vamos fazer agora?

Planos para castigar os moradores de Gibeá

20 Por causa disso todo o povo de Israel, desde Dã, no Norte, até Berseba, no Sul, e Gileade, no Leste, se reuniu em Mispa. Eles se reuniram na presença de Deus, o Senhor, como se fossem uma só pessoa. Os chefes de todas as tribos de Israel estavam presentes nessa reunião do povo de Deus. Havia quatrocentos mil homens a pé, treinados para a guerra. E o povo de Benjamim soube que todos os outros israelitas haviam subido até Mispa e que eles queriam saber como aquele crime havia sido cometido.

Então o levita, marido da mulher assassinada, explicou:

— Cheguei com a minha concubina a Gibeá, no território da tribo de Benjamim, para passar a noite. Os homens de Gibeá vieram de noite e cercaram a casa. Eles queriam me matar. Em vez disso abusaram da minha concubina, e ela morreu. Então eu peguei o corpo dela, cortei em pedaços e mandei um pedaço para cada uma das doze tribos de Israel. Aquela gente cometeu um crime horrível no meio do nosso povo. Todos vocês que estão aqui são israelitas. Vamos resolver agora o que fazer.

Todo o povo de Israel se levantou ao mesmo tempo e disse:

— Nenhum de nós, nem os que moram em casas, nem os que moram em barracas, voltará para casa. Vamos escolher alguns homens para atacar Gibeá. 10 A décima parte dos homens de Israel vai arranjar comida para os que vão lutar. Os outros vão castigar os moradores de Gibeá pelo crime horrível que cometeram em Israel.

11 Então todo o povo de Israel se reuniu como se fosse uma só pessoa para atacar a cidade de Gibeá. 12 As tribos israelitas mandaram que mensageiros fossem por toda a tribo de Benjamim e dissessem:

— Que crime horrível vocês cometeram! 13 Exigimos que vocês nos entreguem agora esses homens imorais para que nós os matemos. Assim tiraremos esse mal do meio do povo de Israel.

Mas o povo de Benjamim não deu atenção aos outros israelitas. 14 Eles saíram de todas as suas cidades e foram para Gibeá a fim de lutar contra o resto do povo de Israel. 15 Naquele dia eles convocaram das suas cidades vinte e seis mil soldados. Depois os moradores de Gibeá reuniram mais setecentos homens especialmente escolhidos, 16 que eram canhotos. Qualquer um deles podia atirar com funda uma pedra num fio de cabelo, sem nunca errar. 17 E os outros israelitas que iam lutar contra a tribo de Benjamim reuniram quatrocentos mil soldados treinados.

A guerra contra a tribo de Benjamim

18 Os israelitas foram ao lugar de adoração, em Betel, e ali perguntaram a Deus:

— Qual das nossas tribos atacará primeiro a tribo de Benjamim?

E o Senhor respondeu:

— A tribo de Judá.

19 Na manhã seguinte os israelitas subiram e acamparam perto da cidade de Gibeá. 20 Saíram para combater contra a tribo de Benjamim e puseram os soldados em posição de ataque, de frente para a cidade. 21 Então o exército de Benjamim saiu da cidade. E, antes de terminar o dia, eles mataram vinte e dois mil soldados israelitas. 22-23 Aí o povo de Israel foi para o lugar de adoração e, na presença do Senhor, chorou até a tarde. E eles perguntaram ao Senhor:

— Devemos ir combater outra vez os nossos irmãos da tribo de Benjamim?

E Deus respondeu:

— Sim.

Então o exército israelita se animou de novo. E eles puseram os seus soldados em posição de combate novamente, no mesmo lugar em que haviam lutado no dia anterior. 24 Os israelitas marcharam contra a tribo de Benjamim pela segunda vez. 25 E pela segunda vez os soldados de Benjamim saíram de Gibeá. E dessa vez mataram dezoito mil soldados israelitas treinados. 26 Então todo o povo de Israel subiu de novo até Betel para chorar. Ficaram ali na presença de Deus, o Senhor, e não comeram nada até a tarde. E apresentaram ao Senhor ofertas que foram completamente queimadas e sacrifícios de paz. 27 Eles fizeram uma pergunta ao Senhor. (Acontece que naqueles dias a arca da aliança estava ali em Betel. 28 E Fineias, filho de Eleazar e neto de Arão, estava encarregado de cuidar dela.) A pergunta que eles fizeram foi esta:

— Devemos sair mais uma vez para combater os nossos irmãos da tribo de Benjamim ou devemos desistir?

O Senhor respondeu:

— Combatam porque amanhã eu farei com que vocês os derrotem.

29 Então os israelitas puseram alguns soldados escondidos em volta de Gibeá. 30 No terceiro dia marcharam de novo contra o exército da tribo de Benjamim. Os seus soldados ficaram em posição de batalha, de frente para Gibeá, como tinham feito antes. 31 Os soldados de Benjamim saíram para combater e se afastaram da cidade. Como haviam feito antes, começaram a matar algumas pessoas na estrada de Betel, na estrada de Gibeá e em campo aberto. Mataram mais ou menos trinta israelitas. 32 E diziam:

— Nós já os derrotamos, como das outras vezes.

Mas os israelitas disseram:

— Vamos recuar e fazer com que eles se afastem da cidade e venham para as estradas.

33 Então a maior parte do exército israelita saiu dali e tornou a se juntar em Baal-Tamar. Mas os homens que cercavam a cidade saíram de repente dos lugares onde estavam escondidos na planície de Gibeá. 34 Dez mil dos melhores soldados israelitas atacaram Gibeá, e o combate foi duro. Os benjamitas não imaginavam que iam ser destruídos. 35 O Senhor Deus fez com que os israelitas derrotassem o exército de Benjamim. E naquele dia os israelitas mataram vinte e cinco mil e cem inimigos. 36 Então os benjamitas compreenderam que estavam vencidos.

A vitória dos israelitas

Os israelitas tinham se retirado durante a luta contra os benjamitas porque confiavam nos homens que haviam colocado escondidos em volta de Gibeá. 37 Esses homens avançaram depressa na direção de Gibeá, espalharam-se e mataram todas as pessoas da cidade. 38 O exército israelita e os homens que estavam escondidos tinham combinado um sinal: quando vissem uma grande nuvem de fumaça subindo da cidade, 39 os israelitas que estavam fora, no campo de batalha, deviam dar meia-volta e atacar. Até aquele momento os benjamitas já haviam matado uns trinta israelitas e diziam:

— Sim. Já os derrotamos, como das outras vezes.

40 Então o sinal apareceu: uma nuvem de fumaça começou a subir da cidade. Os benjamitas olharam para trás e ficaram muito espantados quando viram a cidade inteira pegando fogo. 41 Então os homens de Israel deram meia-volta, e os benjamitas ficaram apavorados porque viram que iam ser destruídos. 42 Eles fugiram e correram na direção do deserto, mas não puderam escapar. Foram cercados pela maior parte do exército israelita e também pelos soldados que vinham da cidade e foram destruídos. 43 Os israelitas cercaram os inimigos, e os perseguiram sem parar até um lugar a leste de Gibeá, e os iam matando pelo caminho. 44 Dezoito mil dos melhores soldados benjamitas foram mortos. 45 Os outros fugiram na direção do deserto, para a rocha de Rimom. Cinco mil foram mortos nas estradas. Os israelitas perseguiram o resto e assim mataram mais dois mil homens. 46 Ao todo vinte e cinco mil benjamitas foram mortos naquele dia, todos eles soldados valentes.

47 Porém seiscentos homens fugiram para o deserto, para a rocha de Rimom, e ficaram lá quatro meses. 48 Os israelitas atacaram o resto dos benjamitas e os mataram, tanto homens como animais, e destruíram tudo o que encontraram. E queimaram todas as cidades da região.

Esposas para a tribo de Benjamim

21 O povo de Israel havia feito em Mispa este juramento a Deus:

— Nenhum de nós deixará que um homem da tribo de Benjamim case com uma das nossas filhas.

O povo foi a Betel e ficou ali na presença de Deus até a tarde. Eles choraram amargamente, em voz alta, dizendo:

— Ó Senhor, Deus de Israel, por que aconteceu isso? Por que está faltando uma das nossas tribos?

O povo se levantou bem cedo na manhã seguinte e construiu ali um altar. Apresentaram ofertas que foram completamente queimadas e sacrifícios de paz. E perguntaram:

— De todas as tribos de Israel, quem foi que não subiu para aquela reunião na presença do Senhor Deus, em Mispa?

Eles tinham feito um juramento muito sério: quem faltasse à reunião em Mispa seria morto.

O povo de Israel teve muita pena dos seus irmãos da tribo de Benjamim e disse:

— Hoje Israel perdeu uma das suas tribos. O que faremos para arranjar esposas para os que ficaram? Pois juramos ao Senhor que não daríamos a eles nenhuma das nossas filhas.

Então perguntaram:

— De todas as tribos de Israel, quem não compareceu diante do Senhor em Mispa?

E ficaram sabendo que, de Jabes-Gileade, ninguém havia tomado parte na reunião. Quando fizeram a chamada do povo, ninguém de Jabes-Gileade estava lá. 10 Então todos concordaram em mandar para lá doze mil homens, dos mais corajosos, com estas ordens:

— Vão e matem os moradores de Jabes-Gileade, tanto homens como mulheres e crianças. 11 Façam isto: matem todos os homens e todas as mulheres que não forem virgens.

12 E eles encontraram quatrocentas virgens em Jabes-Gileade e as levaram ao acampamento de Siló, que fica na terra de Canaã.

13 Então todos concordaram em mandar mensageiros aos benjamitas, na rocha de Rimom, para fazer uma proposta de paz. 14 Aí os benjamitas voltaram e receberam aquelas quatrocentas moças de Jabes-Gileade. Porém não havia moças em número suficiente para todos. 15 Então o povo ficou com pena dos benjamitas, pois pela vontade do Senhor estava faltando uma das tribos de Israel. 16 Aí os chefes do povo de Israel disseram:

— Não há mais mulheres na tribo de Benjamim. O que vamos fazer para arranjar esposas para os que ficaram? 17 O povo de Israel não deve perder uma das suas doze tribos. Temos de achar um jeito de a tribo de Benjamim não acabar. 18 Porém não podemos deixar que eles casem com as nossas filhas.

Eles falavam isso porque o povo de Israel havia amaldiçoado quem deixasse um benjamita casar com a sua filha. 19 Então disseram:

— A festa anual do Senhor, na cidade de Siló, está perto.

(Siló fica ao norte de Betel, ao sul de Lebona e a leste da estrada que vai de Betel a Siquém.)

20 E os chefes do povo de Israel disseram aos benjamitas:

— Vão, escondam-se nas plantações de uvas 21 e fiquem vigiando. Durante a festa, quando as moças de Siló saírem dançando, vocês também saiam das plantações de uvas. E cada um agarre uma das moças e leve embora para a terra de Benjamim. 22 Assim, quando os pais ou irmãos delas vierem se queixar, nós poderemos dizer: “Por favor, deixem que elas fiquem, pois na batalha contra Jabes-Gileade não conseguimos mulheres para todos os benjamitas. E vocês não serão culpados de quebrarem a promessa, pois não deram as suas filhas a eles: elas foram roubadas.”

23 E assim fizeram os benjamitas. Cada um deles escolheu uma esposa entre as moças que estavam dançando e a levou embora. Então voltaram para a sua terra, construíram de novo as suas cidades e ficaram morando ali. 24 Enquanto isso, os outros israelitas saíram, e cada um voltou para a sua tribo, a sua família e as suas terras.

25 Naquele tempo não havia rei em Israel, e cada um fazia o que bem queria.

Elimeleque e a sua família em Moabe

No tempo em que Israel era governado por juízes, houve uma grande fome naquele país. Por isso um homem de Belém, cidade da região de Judá, foi com a sua mulher e os seus dois filhos morar por algum tempo num país chamado Moabe. O nome desse homem era Elimeleque, e o da sua mulher, Noemi. Os dois filhos se chamavam Malom e Quiliom. Essa família era de Efrata, um povoado que ficava perto de Belém de Judá. Eles foram para Moabe e ficaram morando ali. Algum tempo depois, Elimeleque morreu, e Noemi ficou com os dois filhos, que casaram com moças moabitas. O nome de uma delas era Orfa, e o da outra, Rute. Quando já fazia quase dez anos que estavam morando ali, Malom e Quiliom também morreram. E Noemi ficou só, sem os filhos e sem o marido.

A volta para Belém

Um dia Noemi soube que o Senhor tinha ajudado o seu povo, dando-lhe boas colheitas. Então ela se aprontou para sair de Moabe com as suas noras. Elas saíram a fim de voltar para Judá, mas no caminho Noemi disse às noras:

— Voltem para casa e fiquem com as suas mães. Que o Senhor seja bom para vocês, assim como vocês foram boas para mim e para os falecidos! O Senhor permita que vocês casem de novo e cada uma tenha o seu lar!

Então Noemi se despediu das suas noras com um beijo. Porém elas começaram a chorar alto 10 e disseram:

— Não! Nós não voltaremos. Nós iremos com a senhora e ficaremos com o seu povo.

11 Mas Noemi respondeu:

— Voltem, minhas filhas. Por que querem ir comigo? Vocês acham que eu ainda poderei ter filhos para casarem com vocês? 12 Voltem para casa porque já estou muito velha para casar de novo. Pois, ainda que eu tivesse esperança de casar outra vez ou mesmo que casasse esta noite e chegasse a ter filhos, 13 será que vocês iriam esperar até que eles crescessem para vocês casarem com eles? É claro que não, minhas filhas! O Senhor está contra mim, e isso me deixa muito triste, pois vocês também estão sofrendo.

14 Aí elas começaram a chorar alto outra vez. Então Orfa se despediu da sua sogra com um beijo e voltou para o seu povo. Mas Rute ficou.

15 — Veja! — disse Noemi. — A sua cunhada voltou para o seu povo e para os seus deuses. Volte você também para casa com ela.

16 Porém Rute respondeu:

— Não me proíba de ir com a senhora, nem me peça para abandoná-la! Onde a senhora for, eu irei; e onde morar, eu também morarei. O seu povo será o meu povo, e o seu Deus será o meu Deus. 17 Onde a senhora morrer, eu morrerei também e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue se qualquer coisa, a não ser a morte, me separar da senhora!

18 Como Noemi viu que Rute estava mesmo resolvida a ir com ela, não disse mais nada. 19 E elas continuaram a viagem até Belém.

Quando chegaram lá, toda a cidade ficou agitada por causa delas. E as mulheres perguntavam:

— Esta é a Noemi?

20 Porém ela respondia:

— Não me chamem de Noemi, a Feliz. Chamem de Mara, a Amargurada, porque o Deus Todo-Poderoso me deu muita amargura. 21 Quando saí daqui, eu tinha tudo, mas o Senhor me fez voltar sem nada. Então, por que me chamar de Feliz, se o Deus Todo-Poderoso me fez sofrer e me deu tanta aflição?

22 E foi assim que Noemi voltou de Moabe, com Rute, a sua nora moabita. Elas chegaram a Belém quando a colheita de cevada estava começando.

Rute vai catar espigas

Noemi tinha um parente chamado Boaz, que era um homem rico e muito importante. Ele era da família de Elimeleque, o marido de Noemi.

Um dia Rute disse a Noemi:

— Deixe que eu vá até as plantações para catar as espigas que ficam caídas no chão. Talvez algum trabalhador me deixe ir atrás dele, catando as espigas que forem caindo.

— Vá, minha filha! — respondeu Noemi.

Então Rute foi ao campo e andava atrás dos trabalhadores, catando as espigas que caíam. E por acaso ela entrou numa plantação que era de Boaz, um parente de Elimeleque.

Nisso Boaz chegou de Belém e disse aos trabalhadores:

— Que o Senhor esteja com vocês!

— Que o Senhor o abençoe! — responderam eles.

Aí Boaz perguntou ao chefe dos trabalhadores:

— Quem é aquela moça ali?

Ele respondeu:

— É a moabita que veio de Moabe com Noemi. Ela me pediu que a deixasse ir atrás dos trabalhadores, catando as espigas que fossem caindo. E assim ela está trabalhando desde cedo até agora e só parou um pouco para descansar debaixo do abrigo.

Então Boaz disse a Rute:

— Escute, minha filha. Não vá catar espigas em nenhuma outra plantação. Fique aqui e trabalhe perto das minhas empregadas. Preste atenção e fique com elas no campo onde vão cortar espigas. Eu dei ordem aos empregados para não mexerem com você. Quando ficar com sede, beba da água que os empregados tirarem para beber.

10 Aí Rute ajoelhou-se, encostou o rosto no chão e disse:

— Por que é que o senhor reparou em mim e é tão bom para mim, que sou estrangeira?

11 Boaz respondeu:

— Eu ouvi falar de tudo o que você fez pela sua sogra desde que o seu marido morreu. E sei que você deixou o seu pai, a sua mãe e a sua pátria e veio viver entre gente que não conhecia. 12 Que o Senhor a recompense por tudo o que você fez. Que o Senhor, o Deus de Israel, cuja proteção você veio procurar, lhe dê uma grande recompensa.

13 Rute disse a Boaz:

— O senhor está sendo muito bom para mim. O senhor me dá ânimo, falando comigo com tanta bondade, pois eu mereço menos do que uma das suas empregadas.

14 Na hora do almoço, Boaz disse a Rute:

— Venha aqui, pegue um pedaço de pão e molhe no vinho.

Então ela sentou-se ao lado dos trabalhadores, e Boaz lhe deu cevada torrada. Ela comeu até ficar satisfeita, e ainda sobrou. 15 Quando Rute se levantou para ir de novo catar espigas, Boaz ordenou aos empregados:

— Deixem que ela apanhe espigas até no meio dos feixes e não a aborreçam. 16 Tirem também algumas espigas dos feixes e deixem cair para que ela possa apanhar. E não briguem com ela.

17 E assim Rute catou espigas no campo até de tarde. Depois debulhou os grãos das espigas que havia apanhado, e estes pesaram quase vinte e cinco quilos. 18 Pegou a cevada, voltou para a cidade e mostrou à sua sogra o quanto havia catado. Também lhe deu a comida que tinha sobrado do almoço. 19 Então Noemi perguntou:

— Onde é que você foi catar espigas hoje? Onde foi que você trabalhou? Que Deus abençoe o homem que se interessou por você!

Aí Rute contou a Noemi que havia trabalhado na plantação de um homem chamado Boaz. 20 E Noemi disse:

— Que o Senhor abençoe Boaz, que sempre tem sido bom, tanto para os que estão vivos como para os que já morreram!

Noemi continuou:

— Esse homem é nosso parente chegado e um dos responsáveis por nós.

21 Então Rute disse:

— Além de tudo isso, ele disse que eu posso continuar trabalhando com os seus empregados até acabar a colheita.

22 Noemi respondeu:

— É bom que você vá com as empregadas dele, minha filha. Pois, se fosse trabalhar na plantação de outro homem, você poderia ser humilhada.

23 Assim Rute trabalhou com as empregadas de Boaz e catou espigas até terminar a colheita da cevada e do trigo. E continuou morando com a sua sogra.

A bondade de Boaz

Um dia Noemi disse a Rute:

— Minha filha, preciso arranjar um marido para você, a fim de que você tenha um lar. Você lembra que Boaz, o homem que a deixou trabalhar com as suas empregadas, é um dos nossos parentes? Pois bem! Esta noite ele vai debulhar a cevada. Faça o seguinte: lave-se, ponha perfume e vista o seu melhor vestido. Depois vá até o lugar onde Boaz está trabalhando, mas não o deixe saber que você está ali, até que ele acabe de comer e de beber. Quando Boaz for dormir, olhe bem onde ele vai se deitar. Então vá, levante a coberta dos pés dele e deite-se ali. Ele dirá o que você deve fazer.

Rute respondeu:

— Vou fazer tudo o que a senhora disse.

Ela foi ao lugar onde debulhavam as espigas e fez tudo o que a sua sogra havia mandado. Quando Boaz acabou de comer e de beber, ficou um pouco alegre e foi dormir perto de um monte de cevada. Então Rute veio de mansinho, levantou a coberta dos pés dele e se deitou ali. No meio da noite ele acordou de repente, sentou-se e ficou muito admirado de encontrar uma mulher deitada perto dos seus pés.

Ele perguntou:

— Quem é você?

— Eu sou Rute, a sua empregada! — respondeu ela. — O senhor é nosso parente chegado e por isso tem o dever de me proteger.

10 Boaz respondeu:

— Que o Senhor a abençoe, minha filha! Você está mostrando maior lealdade à família do seu sogro naquilo que está fazendo agora do que naquilo que fez pela sua sogra. Pois você não foi procurar um homem mais moço, fosse rico ou fosse pobre. 11 Agora, minha filha, não tenha medo. Na cidade toda gente sabe que você é uma mulher direita. Vou fazer tudo o que me pede. 12 De fato, sou seu parente chegado e sou responsável por você. Mas acontece que há um homem que também é seu parente e até mais chegado do que eu. 13 Fique aqui o resto da noite, e de manhã nós veremos se ele quer ser responsável por você. Se ele quiser, muito bem; mas, se não quiser, prometo por Deus, o Senhor, que ficarei com essa responsabilidade. Agora deite-se e durma de novo.

14 Então Rute passou o resto da noite deitada aos pés dele. Enquanto ainda estava escuro, ela se levantou para não ser vista, pois Boaz não queria que ninguém soubesse que uma mulher havia ido lá.

15 Então Boaz disse:

— Tire a sua capa e estenda no chão.

Ela estendeu, e ele despejou na capa uns vinte quilos de cevada e a ajudou a pôr no ombro. Aí Rute voltou para a cidade.

16 Quando ela chegou a casa, a sua sogra perguntou:

— Como foram as coisas, minha filha?

Rute contou tudo o que Boaz tinha feito por ela. E disse ainda:

17 — Ele também me deu toda esta cevada e disse: “Não volte para casa sem levar alguma coisa para a sua sogra.”

18 Então Noemi disse:

— Agora, minha filha, tenha paciência e espere para ver o que vai acontecer. Pois Boaz não vai descansar enquanto não resolver esse assunto, ainda hoje.

Boaz casa com Rute

Boaz foi até a praça que ficava ao lado do portão da cidade e sentou-se ali. Nesse momento apareceu o parente mais chegado de Elimeleque, aquele de quem Boaz havia falado. E Boaz lhe disse:

— Meu amigo, venha aqui e sente-se.

Ele foi e sentou-se.

Então Boaz chamou dez pessoas importantes da cidade e disse:

— Sentem-se aqui.

Eles se sentaram, e Boaz disse ao seu parente:

— Noemi voltou do país de Moabe e está querendo vender as terras que eram do nosso parente Elimeleque. Então eu resolvi conversar com você sobre este assunto. Agora, se você quiser, compre essas terras na presença das autoridades do nosso povo e dos homens que estão sentados aqui. Mas, se não quiser, diga, pois o direito de comprar essas terras é primeiro seu e depois, meu.

O homem respondeu:

— Eu compro as terras.

Aí Boaz disse:

— Se você comprar as terras de Noemi, também terá de casar com Rute, a viúva moabita, para que as terras fiquem com a família do falecido.

Então o homem respondeu:

— Nesse caso, não vou usar o meu direito de comprar as terras, pois correria o risco de prejudicar a minha própria herança. Use você o meu direito; eu prefiro não fazer isso. 7-8 Compre você as terras.

Em seguida tirou a sandália e deu a Boaz. (Antigamente, em Israel, para fechar um negócio de compra ou troca de propriedades, uma pessoa entregava à outra a sua sandália.)

Aí Boaz disse às autoridades e a todo o povo:

— Hoje vocês são testemunhas de que eu comprei de Noemi tudo o que era de Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom. 10 Também casarei com Rute, a moabita, viúva de Malom, para que a propriedade continue com a família do falecido. Assim o nome de Malom será sempre lembrado no meio deste povo e na sua cidade natal. Hoje vocês são testemunhas disso.

11 Todos responderam:

— Sim, nós somos testemunhas.

E as autoridades disseram a Boaz:

— O Senhor faça com que essa mulher, que veio para o seu lar, seja como Raquel e Leia, que deram muitos filhos a Jacó, tornando-se assim as mães da nação israelita! Que você seja rico e famoso em Belém-Efrata! 12 Que os filhos que o Senhor lhe der neste casamento façam com que a sua família seja como a família de Peres, filho de Judá e de Tamar!

13 Então Boaz levou Rute para casa, para ser a sua mulher. Eles tiveram relações, e o Senhor deu a Rute a bênção de ficar grávida, e ela deu à luz um filho. 14 E as mulheres disseram a Noemi:

— Louvado seja o Senhor, que lhe deu hoje um neto para cuidar de você! Que este menino venha a ser famoso em Israel! 15 Que ele seja um consolo para o seu coração e lhe dê segurança na velhice! A sua nora, a mãe do menino, a ama; e ela vale para você mais do que sete filhos.

16 Noemi pegou o menino no colo e cuidou dele. 17 Ao vê-lo, as mulheres da vizinhança diziam:

— Nasceu um filho para Noemi!

E lhe deram o nome de Obede.

Obede veio a ser o pai de Jessé, que foi o pai do rei Davi.

18-22 Os antepassados de Davi, desde Peres, são estes: Peres, Esrom, Rão, Aminadabe, Nasom, Salmom, Boaz, Obede e Jessé.

Os pais de Samuel

Havia um homem da tribo de Efraim, chamado Elcana, que vivia na cidade de Ramá, na região montanhosa de Efraim. Ele era filho de Jeroão, neto de Eliú, bisneto de Toú e trineto de Zufe. Elcana tinha duas mulheres, Ana e Penina. Penina tinha filhos, porém Ana não tinha. Todos os anos Elcana saía da sua cidade e ia a Siló a fim de adorar e oferecer sacrifícios ao Senhor Todo-Poderoso. Hofni e Fineias, os filhos de Eli, eram sacerdotes do Senhor Deus, em Siló. Cada vez que Elcana oferecia o seu sacrifício, ele dava uma parte para Penina e outra para todos os seus filhos e filhas. Mas para Ana ele dava duas vezes mais. Elcana a amava muito, embora o Senhor não permitisse que ela tivesse filhos. Penina, sua rival, provocava e humilhava Ana porque o Senhor não permitia que ela tivesse filhos. Isso acontecia ano após ano. Sempre que iam ao santuário do Senhor, Penina irritava tanto Ana, que ela ficava só chorando e não comia nada. Um dia o seu marido Elcana lhe perguntou:

— Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está sempre triste? Por acaso, eu não sou melhor para você do que dez filhos?

Ana pede a Deus um filho

Certa vez eles estavam em Siló e tinham acabado de comer. Eli, o sacerdote, estava sentado na sua cadeira, na porta da Tenda Sagrada. 10 Aí Ana se levantou aflita e, chorando muito, orou a Deus, o Senhor. 11 E fez esta promessa solene:

— Ó Senhor Todo-Poderoso, olha para mim, tua serva! Vê a minha aflição e lembra de mim! Não esqueças a tua serva! Se tu me deres um filho, prometo que o dedicarei a ti por toda a vida e que nunca ele cortará o cabelo.

12 Ana continuou orando ao Senhor durante tanto tempo, que Eli começou a prestar atenção nela 13 e notou que os seus lábios se mexiam, porém não saía nenhum som. Ana estava orando em silêncio, mas Eli pensou que ela estava bêbada 14 e disse:

— Até quando você vai ficar embriagada? Veja se para de beber!

15 — Senhor, — respondeu ela —, eu não estou bêbada. Não bebi nem vinho nem cerveja. Estou desesperada e estava orando, contando a minha aflição ao Senhor. 16 Não pense que sou uma mulher sem moral. Eu estava orando daquele jeito porque sou muito infeliz e sofredora.

17 Então Eli disse:

— Vá em paz. Que o Deus de Israel lhe dê o que você pediu!

18 — Que o senhor sempre pense bem de mim! — respondeu ela. E saiu. Então comeu alguma coisa e já não estava tão triste.

O nascimento de Samuel

19 Na manhã seguinte Elcana e a sua família se levantaram cedo e adoraram a Deus, o Senhor. Aí voltaram para casa, em Ramá. Elcana teve relações com a sua esposa Ana, e o Senhor respondeu à oração dela. 20 Ela ficou grávida e, no tempo certo, deu à luz um filho. Pôs nele o nome de Samuel e explicou:

— Eu pedi esse filho a Deus, o Senhor.

21 Elcana e a sua família foram a Siló para oferecer ao Senhor o sacrifício anual e o sacrifício especial que ele havia prometido. 22 Ana, porém, não foi. Ela disse ao marido:

— Assim que o menino for desmamado, eu o levarei ao santuário de Deus, o Senhor, para que ele fique lá toda a sua vida.

23 Elcana respondeu:

— Faça o que achar melhor. Fique em casa até que ele seja desmamado. E o Senhor faça com que, de fato, se cumpra a promessa que você fez.

Então Ana ficou em casa e amamentou o filho.

24 Depois que ele foi desmamado, ela o levou a Siló. Levou também um touro de três anos, dez quilos de farinha e um odre cheio de vinho. Samuel era muito novo quando a sua mãe o levou à casa do Senhor, em Siló. 25 Os pais de Samuel ofereceram o touro em sacrifício e levaram o menino para Eli. 26 Ana disse:

— Meu senhor, juro pela sua vida que sou aquela mulher que o senhor viu aqui de pé, orando. 27 Eu pedi esta criança a Deus, o Senhor, e ele me deu o que pedi. 28 Por isso agora eu estou dedicando este menino ao Senhor. Enquanto ele viver, pertencerá ao Senhor.

Então eles adoraram a Deus ali.

A oração de Ana

Então Ana orou assim:

O Senhor Deus encheu o meu coração de alegria;
por causa do que ele fez, eu ando de cabeça erguida.
Estou rindo dos meus inimigos
e me sinto feliz, pois Deus me ajudou.
Ninguém é santo como o Senhor;
não existe outro deus além dele,
e não há nenhum protetor como o nosso Deus.
Não fiquem contando vantagens
e não digam mais palavras orgulhosas.
Pois o Senhor é Deus que conhece
e julga tudo o que as pessoas fazem.
Os arcos dos soldados fortes estão quebrados,
mas os soldados fracos se tornam fortes.
Os que antes estavam fartos agora se empregam para ganhar comida,
mas os que tinham fome agora estão satisfeitos.
A mulher que não podia ter filhos deu à luz sete filhos,
mas a que possuía muitos filhos ficou sem nenhum.

O Senhor Deus é quem tira a vida e quem a dá.
É ele quem manda a pessoa para o mundo dos mortos
e a faz voltar de lá.
Ele faz com que alguns fiquem pobres e outros, ricos;
rebaixa uns e eleva outros.
Deus levanta os pobres do pó
e tira da miséria os necessitados.
Ele faz com que os pobres sejam companheiros dos príncipes
e os põe em lugares de honra.
Os alicerces da terra são de Deus, o Senhor;
ele construiu o mundo sobre eles.

Ele protege a vida dos que são fiéis a ele,
mas deixa que os maus desapareçam na escuridão,
pois ninguém vence pela sua própria força.
10 Os inimigos de Deus, o Senhor, serão destruídos;
ele trovejará do céu contra eles.
O Senhor julgará o mundo inteiro;
ele dará poder ao seu rei
e dará a vitória a esse rei que ele escolheu.

11 Então Elcana voltou para a sua casa, em Ramá. Mas o menino Samuel ficou em Siló, no serviço de Deus, o Senhor, como ajudante do sacerdote Eli.

Os filhos de Eli

12 Os filhos do sacerdote Eli não prestavam e não se importavam com Deus, o Senhor. 13 Eles não obedeciam aos regulamentos a respeito daquilo que os sacerdotes tinham o direito de exigir do povo. Quando um homem estava oferecendo o seu sacrifício, o ajudante do sacerdote vinha com um garfo de três dentes. E, enquanto a carne estava cozinhando, 14 ele enfiava o garfo dentro da panela, e tudo o que o garfo tirava ficava sendo do sacerdote. Era costume fazer isso todas as vezes que um israelita ia a Siló para oferecer sacrifícios. 15 Mas, antes mesmo de a gordura ser tirada da carne e queimada, os filhos de Eli mandavam que o ajudante do sacerdote fosse e dissesse a quem estava oferecendo o sacrifício: “Me entregue um pedaço de carne para o sacerdote assar. Ele não vai aceitar de você carne cozida, mas só carne crua.” 16 E, se o homem respondia: “Deixe que a gordura queime primeiro, depois você pode tirar o que quiser”, o ajudante do sacerdote dizia: “Não. Entregue logo essa carne. Se não, eu a tomarei à força.”

17 Assim os filhos de Eli tratavam com muito desprezo as ofertas trazidas a Deus, o Senhor. E para o Senhor o pecado desses moços era muito grave.

Samuel em Siló

18 Samuel continuava no serviço de Deus, o Senhor. Embora ainda fosse menino, vestia um manto sacerdotal de linho. 19 Ana, a sua mãe, todos os anos fazia uma túnica para ele e a levava quando ia com o seu marido oferecer o sacrifício anual. 20 Então Eli abençoava Elcana e a sua mulher e dizia:

— Que o Senhor Deus dê a você e a Ana, a sua mulher, outros filhos para tomarem o lugar do que foi dedicado a ele!

Depois eles voltavam para casa.

21 E o Senhor abençoou Ana, e ela teve mais três filhos e duas filhas. E o menino Samuel crescia no serviço de Deus, o Senhor.

Eli e os seus filhos

22 Eli já estava muito velho. Ele ouvia falar de tudo o que os seus filhos faziam aos israelitas e também que eles estavam tendo relações com as mulheres que trabalhavam na entrada da Tenda Sagrada. 23 Então Eli disse:

— Por que é que vocês estão fazendo essas coisas? Todos me falam do mal que vocês estão praticando. 24 Parem com isso, meus filhos! Eu estou ouvindo o povo do Senhor Deus dizer coisas terríveis a respeito de vocês! 25 Se uma pessoa peca contra outra, o Senhor pode defendê-la. Mas quem pode defender aquele que peca contra Deus?

Mas eles não ouviram o pai, pois o Senhor havia resolvido matá-los.

26 E o menino Samuel continuava a crescer, e tanto o Senhor como as pessoas gostavam cada vez mais dele.

A profecia contra a família de Eli

27 Então um profeta procurou Eli e lhe deu esta mensagem de Deus, o Senhor:

— Eu me revelei ao seu antepassado Arão quando ele e a sua família eram escravos no Egito. 28 Você sabe que eu os escolhi, entre todas as tribos de Israel, para serem meus sacerdotes, servirem no altar, queimarem incenso e usarem o manto sacerdotal na minha presença. E dei a eles o direito de ficarem com uma parte dos sacrifícios queimados no altar. 29 Por que é que vocês olham com tanta ganância para os sacrifícios e ofertas que eu ordenei que me fossem feitos? Eli, por que você honra os seus filhos mais do que a mim, deixando que eles engordem, comendo a melhor parte de todos os sacrifícios que o meu povo me oferece?

Nova Traduҫão na Linguagem de Hoje 2000 (NTLH)

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