Cantares de Salomâo 4-5
O Livro
Ele
4 Como és formosa, meu amor, como és bela!
Os teus olhos são como pombas, escondidas atrás do teu véu.
Os teus cabelos, como um rebanho de cabras
pastando no monte de Gileade.
2 Os teus dentes são brancos como a lã de ovelhas tosquiadas,
subindo do lavadouro.
Todas elas têm gémeos,
não há nenhuma estéril entre elas.
3 Os teus lábios são como um fio de escarlate.
Como é linda a tua boca!
As tuas faces são duas romãs,
por detrás do teu véu.
4 O teu pescoço é como a torre de David,
erguida como um arsenal.
Ela está ornada com mil escudos de guerra,
todos eles escudos dos heróis.
5 Os teus dois seios são como duas crias,
como crias gémeas de gazela,
apascentando-se entre lírios.
6 Antes que refresque o dia,
e caiam as sombras,
irei ao monte de mirra e ao outeiro de incenso.
7 És toda formosa, minha querida!
Não tens nenhum defeito!
8 Vem comigo do Líbano, minha esposa!
Olharemos para baixo, do cimo das montanhas,
do alto dos cumes de Amaná, Senir e Hermon,
onde os leões habitam e os leopardos vagueiam.
9 Arrebataste-me o coração, meu amor, minha esposa.
Fico vencido, quando os teus olhos se põem em mim;
fico preso às voltas do teu colar.
10 Como me é doce o teu amor, minha querida mulher!
Ele vale muito mais, para mim, do que o melhor vinho!
O perfume do teu amor é mais intenso
do que o das melhores especiarias.
11 Os teus lábios, minha esposa, são de mel!
Sim, mel e leite estão debaixo da tua língua!
A fragrância dos teus vestidos
é semelhante à das florestas de cedro do Líbano.
12 A minha querida esposa é como um jardim privado,
como uma fonte de que mais ninguém bebe,
que é só para mim.
13 És semelhante a um pomar de romãs encantador,
que dá frutos excelentes,
onde se cheiram flores de alfena e de nardo:
14 o nardo, o açafrão, o cálamo, a canela
e toda a espécie de árvores de incenso;
a mirra, o aloés e outras especiarias agradabilíssimas.
15 Tu és a fonte principal dos jardins,
és como um poço de águas vivas,
alimentando as correntes que descem das montanhas do Líbano.
Ela
16 Levanta-te, vento norte, desperta!
Vem, vento sul, sopra sobre o meu jardim!
Espalhem os seus perfumes encantadores!
Que ele venha para o seu jardim
e coma os seus frutos excelentes!
Ele
5 Cá estou eu no meu jardim, minha querida esposa!
Colhi a minha mirra e as minhas especiarias.
Comi o meu favo com o mel.
Bebi o meu vinho e o meu leite.
As filhas de Jerusalém:
Oh! Querido e amado, come e bebe!
Sim, bebe abundantemente!
Ela
2 Uma noite, estava eu a dormir,
o meu coração acordou, num sonho.
É que ouvi a voz do meu amor,
que estava a bater à porta do meu quarto:
“Abre, minha querida, minha amada!
Minha pomba sem defeito!
Passei a noite toda fora
e estou coberto de orvalho.”
3 Mas eu respondi-lhe:
“Já me despi, iria vestir-me de novo?
Já lavei os pés, iria tornar a sujá-los?”
4 O meu amor tentou abrir, ele próprio, o fecho da porta
e as minhas entranhas estremeceram por amor dele.
5 Saltei, por fim, da cama para lhe abrir.
As minhas mãos destilavam mirra,
quando puxei a fechadura da porta.
6 Abri, então, ao meu amado,
mas ele já se tinha ido embora.
O meu coração parou de bater.
Busquei-o por toda a parte, sem o encontrar.
Chamei por ele, mas não obtive resposta.
7 Os guardas, que faziam a ronda na cidade,
viram-me e espancaram-me, deixando-me ferida;
a sentinela da muralha rasgou-me o manto.
8 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém,
que se encontrarem o meu amor
lhe digam que estou doente de amor.
As filhas de Jerusalém:
9 Ó mulher de rara beleza,
que tem o teu amado mais do que qualquer outro,
para que nos peças tal coisa?
Ela
10 O meu querido tem uma pele de cor saudável;
é elegante e melhor do que dez mil outros mais!
11 A sua cabeça é como ouro puríssimo;
tem os cabelos ondulados e pretos retintos.
12 Os seus olhos são duas pombas,
junto a uma corrente de águas límpidas e calmas.
13 As suas faces são um canteiro de especiarias;
os seus lábios, perfumados,
são como lírios que gotejassem mirra!
14 Os seus braços parecem argolas de ouro engastadas de topázios;
o seu corpo é como esplêndido marfim,
escrustado de safiras.
15 As sua pernas, é como se fossem pilares de mármore,
assentes em bases de ouro puro,
parecem-se com os maravilhosos cedros do Líbano;
não têm rival!
16 O seu falar é doce!
Sim, é todo desejável!
Tal é o meu amado, o meu amigo,
ó filhas de Jerusalém!
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