Provérbios 16-31
Almeida Revista e Corrigida 2009
16 Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca. 2 Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos. 3 Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos. 4 O Senhor fez todas as coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio, para o dia do mal. 5 Abominação é para o Senhor todo altivo de coração; ainda que ele junte mão à mão, não ficará impune. 6 Pela misericórdia e pela verdade, se purifica a iniquidade; e, pelo temor do Senhor, os homens se desviam do mal. 7 Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele. 8 Melhor é o pouco com justiça do que a abundância de colheita com injustiça. 9 O coração do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos. 10 Adivinhação se acha nos lábios do rei; em juízo não prevaricará a sua boca. 11 O peso e a balança justa são do Senhor; obra sua são todas as pedras da bolsa. 12 Abominação é para os reis o praticarem a impiedade, porque com justiça se estabelece o trono. 13 Os lábios de justiça são o contentamento dos reis, e eles amarão o que fala coisas retas. 14 O furor do rei é como um mensageiro da morte, mas o homem sábio o apaziguará. 15 Na luz do rosto do rei está a vida, e a sua benevolência é como a nuvem de chuva serôdia. 16 Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente, adquirir a prudência do que a prata! 17 O alto caminho dos retos é desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma. 18 A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. 19 Melhor é ser humilde de espírito com os mansos do que repartir o despojo com os soberbos. 20 O que atenta prudentemente para a palavra achará o bem, e o que confia no Senhor será bem-aventurado. 21 O sábio de coração será chamado prudente, e a doçura dos lábios aumentará o ensino. 22 O entendimento, para aqueles que o possuem, é uma fonte de vida, mas a instrução dos tolos é a sua estultícia. 23 O coração do sábio instrui a sua boca e acrescenta doutrina aos seus lábios. 24 Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos. 25 Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte. 26 O trabalhador trabalha para si mesmo, porque a sua boca o instiga. 27 O homem vão cava o mal, e nos seus lábios se acha como que um fogo ardente. 28 O homem perverso levanta a contenda, e o difamador separa os maiores amigos. 29 O homem violento persuade o seu companheiro e guia-o por caminho não bom. 30 Fecha os olhos para imaginar perversidades; mordendo os lábios, efetua o mal. 31 Coroa de honra são as cãs, achando-se elas no caminho da justiça. 32 Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade. 33 A sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda a sua disposição.
17 Melhor é um bocado seco e com ele a tranquilidade do que a casa cheia de vítimas, com contenda. 2 O servo prudente dominará sobre o filho que procede indignamente; e entre os irmãos repartirá a herança. 3 O crisol é para a prata, e o forno, para o ouro; mas o Senhor prova os corações. 4 O malfazejo atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos para a língua maligna. 5 O que escarnece do pobre insulta ao que o criou; o que se alegra da calamidade não ficará impune. 6 Coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais. 7 Não convém ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe, o lábio mentiroso! 8 Pedra preciosa é o presente aos olhos dos que o recebem; para onde quer que se volte, servirá de proveito. 9 O que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que renova a questão separa os maiores amigos. 10 Mais profundamente entra a repreensão no prudente do que cem açoites no tolo. 11 Na verdade, o rebelde não busca senão o mal, mas mensageiro cruel se enviará contra ele. 12 Encontre-se com o homem a ursa à qual roubaram os filhos, mas não o louco na sua estultícia. 13 Quanto àquele que torna mal por bem, não se apartará o mal da sua casa. 14 Como o soltar as águas, é o princípio da contenda; deixa por isso a porfia, antes que sejas envolvido. 15 O que justifica o ímpio e o que condena o justo abomináveis são para o Senhor, tanto um como o outro. 16 De que serviria o preço na mão do tolo para comprar a sabedoria, visto que não tem entendimento? 17 Em todo o tempo ama o amigo; e na angústia nasce o irmão. 18 O homem falto de entendimento dá a mão, ficando por fiador do seu companheiro. 19 O que ama a contenda ama a transgressão; o que alça a sua porta busca a ruína. 20 O perverso de coração nunca achará o bem; e o que tem a língua dobre virá a cair no mal. 21 O que gera um tolo, para sua tristeza o faz; e o pai do insensato não se alegrará. 22 O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos. 23 O ímpio tira o presente do seio para perverter as veredas da justiça. 24 No rosto do sábio se vê a sabedoria, mas os olhos do louco estão nas extremidades da terra. 25 O filho insensato é tristeza para seu pai e amargura para quem o deu à luz. 26 Não é bom também punir o justo, nem ferirem os príncipes ao que age justamente. 27 Retém as suas palavras o que possui o conhecimento, e o homem de entendimento é de precioso espírito. 28 Até o tolo, quando se cala, será reputado por sábio; e o que cerrar os seus lábios, por sábio.
18 Busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria. 2 Não toma prazer o tolo no entendimento, senão em que se descubra o seu coração. 3 Vindo o ímpio, vem também o desprezo; e, com a ignomínia, a vergonha. 4 Águas profundas são as palavras da boca do homem, e ribeiro transbordante é a fonte da sabedoria. 5 Não é bom ter respeito à pessoa do ímpio, para derribar o justo em juízo. 6 Os lábios do tolo entram na contenda, e a sua boca brada por açoites. 7 A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios, um laço para a sua alma. 8 As palavras do linguareiro são como doces bocados, e elas descem ao íntimo do ventre. 9 Também o negligente na sua obra é irmão do desperdiçador. 10 Torre forte é o nome do Senhor; para ela correrá o justo e estará em alto retiro. 11 A fazenda do rico é sua cidade forte e, como um muro alto, na sua imaginação. 12 Antes de ser quebrantado, eleva-se o coração do homem; e, diante da honra, vai a humildade. 13 Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha. 14 O espírito do homem aliviará a sua enfermidade, mas ao espírito abatido, quem o levantará? 15 O coração do sábio adquire o conhecimento, e o ouvido dos sábios busca a ciência. 16 O presente do homem alarga-lhe o caminho e leva-o à presença dos grandes. 17 O que primeiro começa o seu pleito justo parece; mas vem o seu companheiro e o examina. 18 A sorte faz cessar os pleitos e faz separação entre os poderosos. 19 O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como ferrolhos de um palácio. 20 Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios se fartará. 21 A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto. 22 O que acha uma mulher acha uma coisa boa e alcançou a benevolência do Senhor. 23 O pobre fala com rogos, mas o rico responde com durezas. 24 O homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um irmão.
19 Melhor é o pobre que anda na sua sinceridade do que o perverso de lábios e tolo. 2 Assim também ficar a alma sem conhecimento não é bom; e o que se apressa com seus pés peca. 3 A estultícia do homem perverterá o seu caminho, e o seu coração se irará contra o Senhor. 4 As riquezas granjeiam muitos amigos, mas ao pobre o seu próprio amigo o deixa. 5 A falsa testemunha não ficará inocente; e o que profere mentiras não escapará. 6 Muitos suplicam a face do príncipe, e cada um é amigo daquele que dá presentes. 7 Todos os irmãos do pobre o aborrecem; quanto mais se afastarão dele os seus amigos! Corre após eles com palavras, mas não servem de nada. 8 O que adquire entendimento ama a sua alma; o que conserva a inteligência achará o bem. 9 A falsa testemunha não ficará impune; e o que profere mentiras perecerá. 10 Ao tolo não está bem o deleite; quanto menos ao servo dominar os príncipes! 11 O entendimento do homem retém a sua ira; e sua glória é passar sobre a transgressão. 12 Como o bramido do filho do leão é a indignação do rei; mas, como o orvalho sobre a erva, é a sua benevolência. 13 Grande miséria é para o pai o filho insensato, e um gotejar contínuo, as contenções da mulher. 14 A casa e a fazenda são a herança dos pais; mas do Senhor vem a mulher prudente. 15 A preguiça faz cair em profundo sono, e a alma enganadora padecerá fome. 16 O que guardar o mandamento guardará a sua alma; mas o que desprezar os seus caminhos morrerá. 17 Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e ele lhe pagará o seu benefício. 18 Castiga teu filho enquanto há esperança, mas para o matar não alçarás a tua alma. 19 Homem de grande ira tem de sofrer o dano; porque, se tu o livrares, virás ainda a fazê-lo novamente. 20 Ouve o conselho e recebe a correção, para que sejas sábio nos teus últimos dias. 21 Muitos propósitos há no coração do homem, mas o conselho do Senhor permanecerá. 22 O desejo do homem é a sua beneficência; mas o pobre é melhor do que o mentiroso. 23 O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e não o visitará mal nenhum. 24 O preguiçoso esconde a mão no seio; enfada-se de a levar à boca. 25 Fere o escarnecedor, e o simples tomará aviso; repreende ao sábio, e aprenderá conhecimento. 26 O que aflige a seu pai ou afugenta a sua mãe filho é que envergonha e desonra. 27 Cessa, filho meu, ouvindo a instrução, de te desviares das palavras do conhecimento. 28 A testemunha de Belial escarnece do juízo, e a boca dos ímpios engole a iniquidade. 29 Preparados estão os juízos para os escarnecedores e os açoites para as costas dos tolos.
20 O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio. 2 Como o bramido do leão é o terror do rei; o que provoca a sua ira peca contra a sua própria alma. 3 Honroso é para o homem o desviar-se de questões, mas todo tolo se entremete nelas. 4 O preguiçoso não lavrará por causa do inverno, pelo que mendigará na sega e nada receberá. 5 Como águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de inteligência o tirará para fora. 6 Cada qual entre os homens apregoa a sua bondade; mas o homem fiel, quem o achará? 7 O justo anda na sua sinceridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele. 8 Assentando-se o rei no trono do juízo, com os seus olhos dissipa todo mal. 9 Quem poderá dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado! 10 Duas espécies de peso e duas espécies de medida são abominação para o Senhor, tanto uma coisa como outra. 11 Até a criança se dará a conhecer pelas suas ações, se a sua obra for pura e reta. 12 O ouvido que ouve e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos. 13 Não ames o sono, para que não empobreças; abre os teus olhos e te fartarás de pão. 14 Nada vale, nada vale, dirá o comprador, mas, indo-se, então, se gabará. 15 Há ouro e abundância de rubins, mas os lábios do conhecimento são joia preciosa. 16 Aquele que fica por fiador do estranho tira a sua roupa e penhora-a por um estranho. 17 Suave é ao homem o pão da mentira, mas, depois, a sua boca se encherá de pedrinhas de areia. 18 Cada pensamento com conselho se confirma; e com conselhos prudentes faz a guerra. 19 O que anda maldizendo descobre o segredo; pelo que, com o que afaga com seus lábios, não te entremetas. 20 O que a seu pai ou a sua mãe amaldiçoar, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada e ficará em trevas densas. 21 Entrando-se apressadamente de posse de uma herança no princípio, o seu fim não será bendito. 22 Não digas: Vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor, e ele te livrará. 23 Duas espécies de peso são abomináveis ao Senhor, e balanças enganosas não são boas. 24 Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; o homem, pois, como entenderá o seu caminho? 25 Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então, inquirir. 26 O rei sábio dissipa os ímpios e faz girar sobre eles a roda. 27 A alma do homem é a lâmpada do Senhor, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do ventre. 28 Benignidade e verdade guardam o rei, e com benignidade sustém ele o seu trono. 29 O ornato dos jovens é a sua força; e a beleza dos velhos, as cãs. 30 Os vergões das feridas são a purificação dos maus, como também as pancadas que penetram até o mais íntimo do ventre.
21 Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina. 2 Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas o Senhor sonda os corações. 3 Fazer justiça e julgar com retidão é mais aceitável ao Senhor do que oferecer-lhe sacrifício. 4 Olhar altivo, coração orgulhoso e até a lavoura dos ímpios são pecado. 5 Os pensamentos do diligente tendem à abundância, mas os de todo apressado, tão somente à pobreza. 6 Trabalhar por ajuntar tesouro com língua falsa é uma vaidade, e aqueles que a isso são impelidos buscam a morte. 7 As rapinas dos ímpios virão a destruí-los, porquanto eles recusam praticar a justiça. 8 O caminho do homem perverso é inteiramente tortuoso, mas a obra do puro é reta. 9 Melhor é morar num canto de umas águas-furtadas do que com a mulher rixosa numa casa ampla. 10 A alma do ímpio deseja o mal; o seu próximo não agrada aos seus olhos. 11 Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio; e, quando o sábio é instruído, recebe o conhecimento. 12 Prudentemente considera o justo a casa do ímpio, quando os ímpios são arrastados para o mal. 13 O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido. 14 O presente que se dá em segredo abate a ira, e a dádiva no seio, uma forte indignação. 15 Praticar a justiça é alegria para o justo, mas espanto para os que praticam a iniquidade. 16 O homem que anda desviado do caminho do entendimento na congregação dos mortos repousará. 17 Necessidade padecerá o que ama os prazeres; o que ama o vinho e o azeite nunca enriquecerá. 18 O resgate do justo é o ímpio; o do reto, o iníquo. 19 Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda. 20 Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o homem insensato o devora. 21 O que segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra. 22 À cidade dos fortes sobe o sábio e derruba a força em que confiaram. 23 O que guarda a boca e a língua guarda das angústias a sua alma. 24 Quanto ao soberbo e presumido, zombador é seu nome; trata com indignação e soberba. 25 O desejo do preguiçoso o mata, porque as suas mãos recusam-se a trabalhar. 26 Todo o dia avidamente cobiça, mas o justo dá e nada retém. 27 O sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna! 28 A testemunha mentirosa perecerá, mas o homem que ouve falará sem imputação. 29 O homem ímpio endurece o seu rosto, mas o reto considera o seu caminho. 30 Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor. 31 O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas do Senhor vem a vitória.
22 Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro. 2 O rico e o pobre se encontraram; a todos os fez o Senhor. 3 O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena. 4 O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, e honra, e vida. 5 Espinhos e laços há no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe dele. 6 Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele. 7 O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta. 8 O que semear a perversidade segará males; e a vara da sua indignação falhará. 9 O que é de bons olhos será abençoado, porque deu do seu pão ao pobre. 10 Lança fora ao escarnecedor, e se irá a contenda; e cessará a questão e a vergonha. 11 O que ama a pureza do coração e tem graça nos seus lábios terá por seu amigo o rei. 12 Os olhos do Senhor conservam o que tem conhecimento, mas as palavras do iníquo ele transtornará. 13 Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas. 14 Cova profunda é a boca das mulheres estranhas; aquele contra quem o Senhor se irar cairá nela. 15 A estultícia está ligada ao coração do menino, mas a vara da correção a afugentará dele. 16 O que oprime o pobre para se engrandecer a si ou o que dá ao rico, certamente, empobrecerá.
Breves discursos morais do sábio acerca de vários assuntos
17 Inclina o teu ouvido, e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração à minha ciência. 18 Porque é coisa suave, se as guardares no teu coração, se as aplicares todas aos teus lábios. 19 Para que a tua confiança esteja no Senhor, a ti tas faço saber hoje, sim, a ti mesmo. 20 Porventura, não te escrevi excelentes coisas acerca de todo conselho e conhecimento, 21 para te fazer saber a certeza das palavras de verdade, para que possas responder palavras de verdade aos que te enviarem? 22 Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem atropeles, na porta, o aflito. 23 Porque o Senhor defenderá a sua causa em juízo, e aos que os roubam lhes tirará a vida. 24 Não acompanhes o iracundo, nem andes com o homem colérico, 25 para que não aprendas as suas veredas e tomes um laço para a tua alma. 26 Não estejas entre os que dão as mãos e entre os que ficam por fiadores de dívidas. 27 Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama de debaixo de ti? 28 Não removas os limites antigos que fizeram teus pais. 29 Viste um homem diligente na sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte.
23 Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que se te pôs diante; 2 e põe uma faca à tua garganta, se és homem glutão. 3 Não cobices os seus manjares gostosos, porque são pão de mentiras. 4 Não te canses para enriqueceres; dá de mão à tua própria sabedoria. 5 Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Porque, certamente, isso se fará asas e voará ao céu como a águia. 6 Não comas o pão daquele que tem os olhos malignos, nem cobices os seus manjares gostosos. 7 Porque, como imaginou na sua alma, assim é; ele te dirá: Come e bebe; mas o seu coração não estará contigo. 8 Vomitarias o bocado que comeste e perderias as tuas suaves palavras. 9 Não fales aos ouvidos do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras. 10 Não removas os limites antigos, nem entres nas herdades dos órfãos, 11 porque o seu Redentor é forte; ele pleiteará a sua causa contra ti. 12 Aplica à disciplina o teu coração e os teus ouvidos, às palavras do conhecimento. 13 Não retires a disciplina da criança, porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá. 14 Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno. 15 Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio. 16 E exultará o meu íntimo, quando os teus lábios falarem coisas retas. 17 Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, sê no temor do Senhor todo o dia. 18 Porque deveras há um fim bom; não será malograda a tua esperança.
19 Ouve tu, filho meu, e sê sábio e dirige no caminho o teu coração. 20 Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne. 21 Porque o beberrão e o comilão cairão em pobreza; e a sonolência faz trazer as vestes rotas.
22 Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer. 23 Compra a verdade e não a vendas; sim, a sabedoria, e a disciplina, e a prudência. 24 Grandemente se regozijará o pai do justo, e o que gerar a um sábio se alegrará nele. 25 Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se a que te gerou. 26 Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos. 27 Porque cova profunda é a prostituta, e poço estreito, a estranha. 28 Também ela, como um salteador, se põe a espreitar e multiplica entre os homens os iníquos.
29 Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as pelejas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos? 30 Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada. 31 Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. 32 No seu fim, morderá como a cobra e, como o basilisco, picará. 33 Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades. 34 E serás como o que dorme no meio do mar e como o que dorme no topo do mastro 35 e dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-la outra vez.
24 Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles, 2 porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam maliciosamente. 3 Com a sabedoria se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma; 4 e pelo conhecimento se encherão as câmaras de todas as substâncias preciosas e deleitáveis. 5 Um varão sábio é forte, e o varão de conhecimento consolida a força. 6 Porque com conselhos prudentes tu farás a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros. 7 É demasiadamente alta para o tolo toda a sabedoria; na porta não abrirá a boca.
8 Aquele que cuida em fazer mal, mestre de maus intentos o chamarão. 9 O pensamento do tolo é pecado, e é abominável aos homens o escarnecedor.
10 Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena. 11 Livra os que estão destinados à morte e salva os que são levados para a matança, se os puderes retirar. 12 Se disseres: Eis que o não sabemos; porventura, aquele que pondera os corações não o considerará? E aquele que atenta para a tua alma não o saberá? Não pagará ele ao homem conforme a sua obra? 13 Come mel, meu filho, porque é bom, e o favo de mel, que é doce ao teu paladar. 14 Tal será o conhecimento da sabedoria para a tua alma; se a achares, haverá para ti galardão, e não será cortada a tua expectação.
15 Não espies a habitação do justo, ó ímpio, nem assoles a sua câmara. 16 Porque sete vezes cairá o justo e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal.
17 Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem quando tropeçar se regozije o teu coração; 18 para que o Senhor isso não veja, e seja mau aos seus olhos, e desvie dele a sua ira. 19 Não te aflijas por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos ímpios. 20 Porque o maligno não terá galardão algum, e a lâmpada dos ímpios se apagará.
21 Teme ao Senhor, filho meu, e ao rei, e não te entremetas com os que buscam mudanças. 22 Porque, de repente, se levantará a sua perdição, e a ruína deles, quem a conhecerá? 23 Também estes são provérbios dos sábios.
Ter respeito a pessoas no juízo não é bom. 24 O que disser ao ímpio: Justo és, os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão. 25 Mas, para os que o repreenderem, haverá delícias, e sobre eles virá a bênção do bem. 26 Beija com os lábios o que responde com palavras retas.
27 Prepara fora a tua obra, e apronta-a no campo, e então edifica a tua casa. 28 Não sejas testemunha sem causa contra o teu próximo; por que enganarias com os teus lábios? 29 Não digas: Como ele me fez a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra.
30 Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; 31 e eis que toda estava cheia de cardos, e a sua superfície, coberta de urtigas, e a sua parede de pedra estava derribada. 32 O que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução. 33 Um pouco de sono, adormecendo um pouco, encruzando as mãos outro pouco, para estar deitado, 34 assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado.
Outros provérbios de Salomão que foram coligidos no tempo do rei Ezequias
25 Também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá. 2 A glória de Deus é encobrir o negócio, mas a glória dos reis é tudo investigar. 3 Para a altura dos céus, e para a profundeza da terra, e para o coração dos reis, não há investigação alguma. 4 Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor. 5 Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça. 6 Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes; 7 porque melhor é que te digam: Sobe para aqui, do que seres humilhado diante do príncipe a quem já os teus olhos viram. 8 Não te apresses a litigar, para depois, ao fim, não saberes o que hás de fazer, podendo-te confundir o teu próximo. 9 Pleiteia a tua causa com o teu próximo mesmo e não descubras o segredo de outro; 10 para que não te desonre o que o ouvir, não se apartando de ti a infâmia.
11 Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. 12 Como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro fino, assim é o sábio repreensor para o ouvido ouvinte. 13 Como frieza de neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam; porque alegra a alma dos seus senhores. 14 Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba falsamente de dádivas. 15 Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda quebranta os ossos.
16 Achaste mel? Come o que te basta; para que, porventura, não te fartes dele e o venhas a vomitar. 17 Retira o pé da casa do teu próximo, para que se não enfade de ti e te aborreça.
18 Martelo, e espada, e flecha aguda é o homem que levanta falso testemunho contra o seu próximo. 19 Como dente quebrado e pé deslocado, assim é a confiança no desleal, no tempo da angústia. 20 O que entoa canções junto ao coração aflito é como aquele que se despe num dia de frio e como vinagre sobre salitre. 21 Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; e, se tiver sede, dá-lhe água para beber, 22 porque, assim, brasas lhe amontoarás sobre a cabeça; e o Senhor to pagará. 23 O vento norte afugenta a chuva, e a língua fingida, a face irada. 24 Melhor é morar num canto de umas águas-furtadas do que com a mulher rixosa numa casa ampla. 25 Como água fria para uma alma cansada, assim são as boas-novas de terra remota. 26 Como fonte turva e manancial corrupto, assim é o justo que cai diante do ímpio. 27 Comer muito mel não é bom; assim, a investigação da própria glória não é glória. 28 Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.
26 Como a neve no verão e como a chuva na sega, assim não é conveniente ao louco a honra. 2 Como o pássaro no seu vaguear, e como a andorinha no seu voo, assim a maldição sem causa não virá. 3 O açoite é para o cavalo, o freio, para o jumento, e a vara, para as costas dos tolos. 4 Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também te não faças semelhante a ele. 5 Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus olhos. 6 Os pés corta e o dano bebe quem manda mensagens pelas mãos de um tolo. 7 Como as pernas do coxo, que pendem frouxas, assim é o provérbio na boca dos tolos. 8 Como o que prende a pedra preciosa na funda, assim é aquele que dá honra ao tolo. 9 Como o espinho que entra na mão do ébrio, assim é o provérbio na boca dos tolos. 10 Como um besteiro que a todos espanta, assim é o que assalaria os tolos e os transgressores. 11 Como o cão que torna ao seu vômito, assim é o tolo que reitera a sua estultícia. 12 Tens visto um homem que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há no tolo do que nele. 13 Diz o preguiçoso: Um leão está no caminho; um leão está nas ruas. 14 Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim o preguiçoso, na sua cama. 15 O preguiçoso esconde a mão no seio; enfada-se de a levar à sua boca. 16 Mais sábio é o preguiçoso a seus olhos do que sete homens que bem respondem. 17 O que, passando, se mete em questão alheia é como aquele que toma um cão pelas orelhas. 18 Como o louco que lança de si faíscas, flechas e mortandades, 19 assim é o homem que engana o seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira. 20 Sem lenha, o fogo se apagará; e, não havendo maldizente, cessará a contenda. 21 Como o carvão é para o borralho, e a lenha, para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas. 22 As palavras do maldizente são como deliciosos bocados, que descem ao íntimo do ventre. 23 Como o caco coberto de escórias de prata, assim são os lábios ardentes e o coração maligno. 24 Aquele que aborrece dissimula com os seus lábios, mas no seu interior encobre o engano. 25 Quando te suplicar com a sua voz, não te fies nele, porque sete abominações há no seu coração. 26 Ainda que o seu ódio se encobre com engano, a sua malícia se descobrirá na congregação. 27 O que faz uma cova nela cairá; e o que revolve a pedra, esta sobre ele rolará. 28 A língua falsa aborrece aquele a quem ela tem maravilhado, e a boca lisonjeira opera a ruína.
27 Não presumas do dia de amanhã, porque não sabes o que produzirá o dia. 2 Louve-te o estranho, e não a tua boca, o estrangeiro, e não os teus lábios. 3 Pesada é a pedra, e a areia também; mas a ira do insensato é mais pesada do que elas ambas. 4 Cruel é o furor e a impetuosa ira, mas quem parará perante a inveja? 5 Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto. 6 Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são enganosos. 7 A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce. 8 Qual ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lugar. 9 O óleo e o perfume alegram o coração; assim a doença do amigo, com o conselho cordial. 10 Não abandones o teu amigo, nem o amigo de teu pai, nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade; melhor é o vizinho perto do que o irmão longe. 11 Sê sábio, filho meu, e alegra o meu coração, para que tenha alguma coisa que responder àquele que me desprezar. 12 O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena. 13 Quando alguém fica por fiador do estranho, toma-lhe tu a sua roupa e penhora-o pela estranha. 14 O que bendiz ao seu amigo em alta voz, madrugando pela manhã, por maldição se lhe contará. 15 O gotejar contínuo no dia de grande chuva e a mulher rixosa, um e outro são semelhantes. 16 Aquele que a contivesse, conteria o vento; e a sua destra acomete o óleo. 17 Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo. 18 O que guarda a figueira comerá do seu fruto; e o que vela pelo seu senhor será honrado. 19 Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem. 20 O inferno e a perdição nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem. 21 O crisol é para a prata, e o forno, para o ouro, e o homem é provado pelos louvores. 22 Ainda que pisasses o tolo com uma mão de gral entre grãos de cevada pilada, não se iria dele a sua estultícia. 23 Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre o gado. 24 Porque as riquezas não duram para sempre; e duraria a coroa de geração em geração? 25 Quando se mostrar a erva, e aparecerem os renovos, então, ajunta as ervas dos montes. 26 Os cordeiros serão para te vestires, e os bodes, para o preço do campo. 27 E haverá bastante leite de cabras para o teu sustento, para sustento da tua casa e para sustento das tuas criadas.
28 Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga; mas qualquer justo está confiado como o filho do leão. 2 Por causa da transgressão da terra, muitos são os seus príncipes, mas, por virtude de homens prudentes e sábios, ela continuará. 3 O homem pobre que oprime os pobres é como chuva impetuosa, que não deixa nenhum trigo. 4 Os que deixam a lei louvam o ímpio; mas os que guardam a lei pelejam contra eles. 5 Os homens maus não entendem o juízo, mas os que buscam o Senhor entendem tudo. 6 Melhor é o pobre que anda na sua sinceridade do que o de caminhos perversos, ainda que seja rico. 7 O que guarda a lei é filho sábio, mas o companheiro dos comilões envergonha a seu pai. 8 O que aumenta a sua fazenda com usura e onzena ajunta-a para o que se compadece do pobre. 9 O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável. 10 O que faz com que os retos se desviem para um mau caminho, ele mesmo cairá na sua cova; mas os sinceros herdarão o bem. 11 O homem rico é sábio aos seus próprios olhos; mas o pobre que é sábio o examina. 12 Quando os justos triunfam, há grande alegria; mas, quando os ímpios sobem, os homens escondem-se. 13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia. 14 Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal. 15 Como leão bramidor e urso faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre. 16 O príncipe falto de inteligência também multiplica as opressões, mas o que aborrece a avareza prolongará os seus dias. 17 O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha. 18 O que anda sinceramente salvar-se-á, mas o perverso em seus caminhos cairá logo. 19 O que lavrar a sua terra virá a fartar-se de pão, mas o que segue a ociosos se fartará de pobreza. 20 O homem fiel abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem castigo. 21 Ter respeito à aparência de pessoas não é bom, porque até por um bocado de pão o homem prevaricará. 22 Aquele que tem um olho mau corre atrás das riquezas, mas não sabe que há de vir sobre ele a pobreza. 23 O que repreende ao homem achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua. 24 O que rouba a seu pai ou a sua mãe e diz: Não há transgressão, companheiro é do destruidor. 25 O altivo de ânimo levanta contendas, mas o que confia no Senhor engordará. 26 O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda sabiamente escapará. 27 O que dá ao pobre não terá necessidade, mas o que esconde os olhos terá muitas maldições.
28 Quando os ímpios sobem, os homens se escondem, mas, quando eles perecem, os justos se multiplicam.
29 O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz será quebrantado de repente sem que haja cura. 2 Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas, quando o ímpio domina, o povo suspira. 3 O homem que ama a sabedoria alegra a seu pai, mas o companheiro de prostitutas desperdiça a fazenda. 4 O rei com juízo sustém a terra, mas o amigo de subornos a transtorna. 5 O homem que lisonjeia a seu próximo arma uma rede aos seus passos. 6 Na transgressão do homem mau há laço, mas o justo canta e regozija-se. 7 Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o ímpio não compreende isso. 8 Os homens escarnecedores abrasam a cidade, mas os sábios desviam a ira. 9 O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se perturbe quer se ria, não terá descanso. 10 Os homens sanguinários aborrecem aquele que é sincero, mas os retos procuram o seu bem. 11 Um tolo expande toda a sua ira, mas o sábio a encobre e reprime. 12 O governador que dá atenção às palavras mentirosas achará que todos os seus servos são ímpios. 13 O pobre e o usurário se encontram, e o Senhor alumia os olhos de ambos. 14 O rei, que julga os pobres conforme a verdade, firmará o seu trono para sempre. 15 A vara e a repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua mãe. 16 Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões, mas os justos verão a sua queda. 17 Castiga o teu filho, e te fará descansar e dará delícias à tua alma. 18 Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado. 19 O servo não se emendará com palavras, porque, ainda que te entenda, não te atenderá. 20 Tens visto um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há de um tolo do que dele. 21 Quando alguém cria delicadamente o seu servo desde a mocidade, por derradeiro ele quererá ser seu filho. 22 O homem iracundo levanta contendas; e o furioso multiplica as transgressões. 23 A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra. 24 O que tem parte com o ladrão aborrece a sua própria alma; ouve maldições e não o denuncia. 25 O receio do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto em alto retiro. 26 Muitos buscam a face do príncipe, mas o juízo de cada um vem do Senhor. 27 Abominação é para os justos o homem iníquo, e abominação é para o ímpio o de retos caminhos.
As palavras de Agur
30 Palavras de Agur, filho de Jaque, o oráculo. Disse este varão a Itiel, a Itiel e a Ucal: 2 Na verdade, que eu sou mais bruto do que ninguém; não tenho o entendimento do homem, 3 nem aprendi a sabedoria, nem tenho o conhecimento do Santo. 4 Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas na sua roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?
5 Toda palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. 6 Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso.
7 Duas coisas te pedi; não mas negues, antes que morra: 8 afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção acostumada; 9 para que, porventura, de farto te não negue e diga: Quem é o Senhor? Ou que, empobrecendo, venha a furtar e lance mão do nome de Deus.
10 Não calunies o servo diante de seu senhor, para que te não amaldiçoe e fiques culpado.
11 Há uma geração que amaldiçoa a seu pai e que não bendiz a sua mãe. 12 Há uma geração que é pura aos seus olhos e que nunca foi lavada da sua imundícia. 13 Há uma geração cujos olhos são altivos e cujas pálpebras são levantadas para cima. 14 Há uma geração cujos dentes são espadas e cujos queixais são facas, para consumirem na terra os aflitos e os necessitados entre os homens. 15 A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e quatro nunca dizem: Basta: 16 a sepultura, a madre estéril, a terra, que se não farta de água, e o fogo, que nunca diz: Basta.
17 Os olhos que zombam do pai ou desprezam a obediência da mãe, corvos do ribeiro os arrancarão, e os pintãos da águia os comerão.
18 Há três coisas que me maravilham, e a quarta não a conheço: 19 o caminho da águia no céu, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar e o caminho do homem com uma virgem. 20 Tal é o caminho da mulher adúltera: ela come, e limpa a sua boca, e diz: Não cometi maldade.
21 Por três coisas se alvoroça a terra, e a quarta não a pode suportar: 22 pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando anda farto de pão; 23 pela mulher aborrecida, quando se casa; e pela serva, quando fica herdeira da sua senhora.
24 Estas quatro coisas são das mais pequenas da terra, mas sábias, bem-providas de sabedoria: 25 as formigas são um povo impotente; todavia, no verão preparam a sua comida; 26 os coelhos são um povo débil; e, contudo, fazem a sua casa nas rochas; 27 os gafanhotos não têm rei; e, contudo, todos saem e em bandos se repartem; 28 a aranha, que se apanha com as mãos e está nos paços dos reis.
29 Há três que têm um bom andar, e o quarto passeia muito bem: 30 o leão, o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás; 31 o cavalo de guerra, bem-cingido pelos lombos; o bode também; e o rei, a quem se não pode resistir.
32 Se procedeste loucamente, elevando-te, e se imaginaste o mal, põe a mão na boca. 33 Porque o espremer do leite produz manteiga, e o espremer do nariz produz sangue, e o espremer da ira produz contenda.
Os conselhos que a mãe do rei Lemuel deu a seu filho
31 Palavras do rei Lemuel, a profecia que lhe ensinou sua mãe. 2 Como, filho meu? E como, ó filho do meu ventre? E como, ó filho das minhas promessas? 3 Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos, ao que destrói os reis. 4 Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte. 5 Para que não bebam, e se esqueçam do estatuto, e pervertam o juízo de todos os aflitos. 6 Dai bebida forte aos que perecem, e o vinho, aos amargosos de espírito; 7 para que bebam, e se esqueçam da sua pobreza, e do seu trabalho não se lembrem mais. 8 Abre a tua boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham em desolação. 9 Abre a tua boca, julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados.
Álefe.
10 Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins.
Bete.
11 O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma fazenda faltará.
Guímel.
12 Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida.
Dálete.
13 Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas mãos.
Hê.
14 É como o navio mercante: de longe traz o seu pão.
Vau.
15 Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas.
Zain.
16 Examina uma herdade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.
Hete.
17 Cinge os lombos de força e fortalece os braços.
Tete.
18 Prova e vê que é boa sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.
Jode.
19 Estende as mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam na roca.
Cafe.
20 Abre a mão ao aflito; e ao necessitado estende as mãos.
Lâmede.
21 Não temerá, por causa da neve, porque toda a sua casa anda forrada de roupa dobrada.
Mem.
22 Faz para si tapeçaria; de linho fino e de púrpura é a sua veste.
Nun.
23 Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com os anciãos da terra.
Sâmeque.
24 Faz panos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos mercadores.
Ain.
25 A força e a glória são as suas vestes, e ri-se do dia futuro.
Pê.
26 Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.
Tsadê.
27 Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da preguiça.
Cofe.
28 Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada; como também seu marido, que a louva, dizendo:
Rexe.
29 Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és superior.
Chim.
30 Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.
Tau.
31 Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.
Provérbios 16
Almeida Revista e Corrigida 2009
16 Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor, a resposta da boca. 2 Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos. 3 Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos. 4 O Senhor fez todas as coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio, para o dia do mal. 5 Abominação é para o Senhor todo altivo de coração; ainda que ele junte mão à mão, não ficará impune. 6 Pela misericórdia e pela verdade, se purifica a iniquidade; e, pelo temor do Senhor, os homens se desviam do mal. 7 Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele. 8 Melhor é o pouco com justiça do que a abundância de colheita com injustiça. 9 O coração do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos. 10 Adivinhação se acha nos lábios do rei; em juízo não prevaricará a sua boca. 11 O peso e a balança justa são do Senhor; obra sua são todas as pedras da bolsa. 12 Abominação é para os reis o praticarem a impiedade, porque com justiça se estabelece o trono. 13 Os lábios de justiça são o contentamento dos reis, e eles amarão o que fala coisas retas. 14 O furor do rei é como um mensageiro da morte, mas o homem sábio o apaziguará. 15 Na luz do rosto do rei está a vida, e a sua benevolência é como a nuvem de chuva serôdia. 16 Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente, adquirir a prudência do que a prata! 17 O alto caminho dos retos é desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma. 18 A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. 19 Melhor é ser humilde de espírito com os mansos do que repartir o despojo com os soberbos. 20 O que atenta prudentemente para a palavra achará o bem, e o que confia no Senhor será bem-aventurado. 21 O sábio de coração será chamado prudente, e a doçura dos lábios aumentará o ensino. 22 O entendimento, para aqueles que o possuem, é uma fonte de vida, mas a instrução dos tolos é a sua estultícia. 23 O coração do sábio instrui a sua boca e acrescenta doutrina aos seus lábios. 24 Favo de mel são as palavras suaves: doces para a alma e saúde para os ossos. 25 Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte.
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